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A orla da cidade concentrou o maior público de todos os tempos. Cerca de dez mil pessoas esperaram, ansiosas, o espetáculo emocionante e grandioso que incluiu barcos grandes e balsas, mas também canoeiros, as tradicionais e belíssimas barquinhas, confeccionadas com delicadeza a partir da aninga – planta aquática típica da Amazônia parauara totalmente biodegradável, que não polui o rio -, e os demais símbolos do Círio Fluvial Noturno de Santo Antonio: o crucifixo, a imagem do padroeiro, o anjo, o lírio e a frase Eu Amo o Círio. Nada menos que quinze mil barquinhas iluminaram o rio Trombetas, que parecia um céu estrelado. Oitenta drones captaram imagens a 120m de altura do show pirotécnico, que durou cerca de vinte minutos. Quem assistiu não hesita em afirmar ser este de 2022 o maior, melhor e mais lindo Círio de Oriximiná, transmitido ao vivo pela Amazon Sat, o que proporcionou a pessoas do mundo inteiro a visibilidade do evento.

Todo o trajeto do santo padroeiro em sua berlinda, do cais do porto até a igreja Matriz de Santo Antônio, também foi enfeitado com velas coloridas feitas de aninga, criando um clima mágico, de muita fé e oração. Pessoas de todos os credos acompanham o Círio de Santo Antonio, numa manifestação muito singular, semelhante ao Círio de Nazaré em Belém. A participação das comunidades é intensa, e a preparação dura um ano inteiro.

Às 17h do domingo, 7, começou a romaria fluvial, com a imagem de Santo Antônio conduzida em uma balsa decorada e iluminada, singrando pelas águas do rio Trombetas, da comunidade ao porto da cidade, onde um grupo musical se apresentou em estrutura de palco e som montados especialmente para o evento. Após a queima de fogos de artifício a procissão seguiu para a Missa Campal na Praça da Matriz, em frente à igreja de Santo Antonio. Paralelamente, houve a abertura oficial da Exposição Museu do Círio, revelando o contexto histórico e a evolução do Círio Fluvial Noturno e suas características únicas. O local da mostra inédita é o das futuras instalações do Museu Municipal, idealizado pelo prefeito de Oriximiná, Delegado Fonseca. No palco instalado em frente à Igreja de Santo Antonio houve apresentações de grupos culturais da zona rural, do cordão de pássaro Cardeal e do cordão de pássaro Garça Branca.

O dia do Círio Fluvial Noturno de Oriximiná começa, invariavelmente, com a Alvorada de Santo Antonio, às 4h30 da madrugada. A população sai da praça da Matriz em carreata pelas ruas da cidade em reverência ao padroeiro, ao som de composições litúrgicas e show pirotécnico, com chegada no mesmo local. Em seguida, depois do café da manhã festivo, às 9h é a vez da Corrida de Rua do Círio de Santo Antônio, na Av. Barão do Rio Branco.

No sábado, 6, véspera do grande dia, a programação cultural começou às 18h e seguiu até às 23h, nas dependências externas da sede da Semcult – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, em espaço criado pelo prefeito Delegado Fonseca para concentrar a Feira do Artesão de Oriximiná e ações do Projeto Por do Sol, destinado também à gastronomia regional e difusão da música, dança e teatro regional. Pela primeira vez na história de Oriximiná há tantas opções e prestígio para os artistas locais.

Uma semana antes, o Círio Simbólico das Canoas saiu da residência da senhora Joana D’arc, com a imagem de Santo Antônio até a rampa da Barreirinha, onde os devotos formaram um lindo cortejo em suas canoas enfeitadas com fitas coloridas no translado pelo rio, relembrando os primórdios do grande Círio Fluvial Noturno. A chegada aconteceu na rampa da Souza Real, de onde saiu em procissão até a igreja Matriz, onde foi celebrada a Santa Missa, que teve o retorno das imagens que estavam na peregrinação e a bênção de Santo Antônio aos fiéis.

A história desse evento cheio de especificidades locais tem fatos curiosos: em 1960, 1961 e 1962 foram realizadas esmolações no período das festividades de Santo Antônio para construção do Colégio Santa Maria Goretti, uma das mais tradicionais instituições de ensino do município. A primeira balsa a transportar a Imagem de Santo Antônio no dia do Círio foi a “Balsa Solana”, em 1982. Nas décadas de 1940, 1950 e 1970, na embarcação que trazia a imagem de Santo Antônio era instalado um microfone para irradiar as orações e cânticos de louvores ao Santo, e também eram distribuídos aos proprietários das embarcações foguetes para serem queimados durante o cortejo fluvial. Nos primeiros círios eram realizados os concursos de “Rainha da Festa”, e havia representantes da Zona Norte, Zona Sul e Mineração Rio do Norte. Em 1980, aconteceu no período das festividades o primeiro festival da cerveja no Clíper de Santo Antônio. Na década de 1950, havia a arrecadação de joias nas casas dos “juízes beneméritos” (famílias que se destacavam socialmente na época), as joias e os nomes dos doadores eram divulgados pelo serviço de alto-falante durante a festa.

Confiram as fotos de Ozeias Caetano.

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