Brega no Pará é coisa séria. Tem Brega Pop, Brega Calypso, Brega Marcante, Brega Saudade, Tecnobrega, Melody, Tecnomelody … Verdadeiro hino (música oficial dos 400 anos de Belém), não há quem desconheça o clássico Ao Por do Sol, eternizado na voz de Teddy Max. O “Anormal do Brega”, personagem do cantor, compositor e advogado criminalista Rubens Mota, era tão famoso que ele até quis entrar na política. E quem nunca arriscou uns passos ou ao menos cantarolou uma sofrência atire a primeira pedra.
Ontem à noite a cerimônia em que o governador Helder Barbalho sancionou a lei que declara o ritmo brega Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Pará foi literalmente uma festa. O Teatro Gasômetro, do Parque da Residência, estava lotado de bandas, compositores, cantores e dançarinos, além da turma das aparelhagens com seus DJs e demais profissionais da indústria do entretenimento. A deputada Ana Cunha, autora do projeto de lei; o deputado Francisco Melo (Chicão), presidente da Assembleia Legislativa; a deputada Marinor Brito, presidente da Comissão de Cultura da Alepa; e Michel Pinho, secretário Municipal de Cultura de Belém, prestigiaram o evento, além de outras autoridades.
“Esse ritmo se confunde com a história do nosso Estado, com cada um de nós. Certamente não tem um paraense, por mais travado que seja, que já não tenha pelo menos tentado um passo de brega. Se não, não é paraense ou não mora aqui. O brega está para nossa música como o açaí está para nossa gastronomia, como Nossa Senhora de Nazaré está para os católicos e nossa fé. Isso é fantástico, porque demonstra a grandeza do nosso Pará. Um Estado que, efetivamente, podemos dizer que tem cultura da música, da dança, da gastronomia, da sua história, e assim por diante. Quero dizer que estou muito feliz, particularmente. Vocês, artistas do brega, fazem parte da minha história”, declarou o governador Helder Barbalho, que passou da palavra ao ato, tomando nos braços a primeira-dama Daniela Barbalho para dançar ao som da banda Sayonara e o vocalista Jorginho. O casal fez bonito e inspirou até a deputada Marinor, que mesmo com sua dor crônica nos joelhos rodopiou por lá.
O nome “Brega Pop” foi uma criação dos radialistas Jorge Reis, Rosenildo Franco e Marquinho Pinheiro, que notaram a diferença do brega surgido no Pará na década de 1980, cujo sucesso aumentou ainda mais nos anos 1990, com artistas como Tonny Brasil, Kim Marques, Adilson Ribeiro, Nilk Oliveira, Mário Senna, Alberto Moreno, Edílson Moreno, Wanderley Andrade, Nelsinho Rodrigues, e rapidamente se espalhou por outras regiões do Brasil. Nos anos 2000, com a banda Calypso e o novos artistas como Daniel Galeno (filho de Bartô Galeno), Roberto Bessa, Dandão Viola e outros mais, o brega se consolidou em várias vertentes.
O show de Alan Rodrigo, Sonel Farias, Nilk Oliveira, Carlos da Luz, Waldo César, Lima Neto, Alberto Moreno, Tarcísio França, Rony Nascimento, Gerson Thirrê e dos artistas do projeto “Os reis do brega”, com participação especial da cantora Rose Marie, com homenagens aos artistas já falecidos Frankito Lopes, Rubens Mota, Teddy Max e Maestro Didi, emocionou a todos. A reabertura do teatro com um espetáculo popular, depois do longo confinamento imposto pela pandemia e seus dramáticos efeitos na economia e na saúde (inclusive mental) de todos os fazedores de cultura é um momento muito importante, inclusive para a geração de emprego e renda de uma enorme cadeia produtiva que envolve empreendimentos de lazer, casas noturnas, estúdios, produtoras de CDs, profissionais de gravação e marketing, rádios AM e FM, aparelhagens, programas de televisão, lojas e camelôs.
“O brega é uma fênix. Ele surpreende a gente. Eu me sinto lisonjeada de fazer parte desse momento histórico”, disse a cantora Rosemarie, ex-integrante da banda Warilou, a mais longeva do gênero, que começou em 1989.
Confiram as fotos e assistam aos vídeos.
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