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Guy Veloso, filho do saudoso jurista, notário e político Zeno Veloso, plantou em sua memória um pé de baobá na Universidade Federal do Pará, onde o ilustre parauara se destacou como professor de direito civil e direito constitucional, formando gerações com seu perfil humanista. Desde o dia 25 de janeiro de 2021 a coordenadora dos três bosques da UFPA, Gina Calzavara, com o aval do reitor Emanuel Tourinho e da Prefeitura Multicampi, começou o projeto Plantando Árvores por Pessoas, em homenagem às vítimas da Covid-19.

O baobá é uma árvore originária do continente africano de grande porte que dá flores e frutos. Seu tronco é o mais grosso do mundo: o caule oco chega a medir mais de vinte metros de diâmetro e pode armazenar até 120 mil litros de água. Seu tamanho é tão impressionante que é usada como casa, depósito de grãos ou abrigo de animais. Além de sua beleza, carrega forte simbolismo, pois representa a luta e a religiosidade do povo negro no Brasil: segundo a lenda, se uma pessoa for enterrada em seu tronco, a alma permanece viva enquanto a árvore existir. Para se ter uma ideia, o baobá pode viver até 6 mil anos. Na fase adulta, alcança 25 metros de altura. É considerado por alguns biólogos a árvore mais antiga da Terra. Seu nome científico é Adansônia Digitata, mas é conhecida também como embondeiro, imbondeiro ou calabaceira.

A árvore é incrível: abriga centenas de animais, aves e insetos em seus imensos troncos. Suas flores chegam a medir 20 cm e florescem uma única noite, mas o néctar e frutos servem de alimentação para humanos e animais nas épocas de seca na África. Da seiva retira-se um óleo especial; de seu tronco, os nativos de Madagascar constroem as pirogas (espécie de canoa comprida); e sua cortiça tem composto medicinal para combater a epilepsia. Não à toa, na África, os baobás representam a vida: são símbolos de fertilidade, fartura e cura.

Há diversas lendas africanas sobre a origem dos baobás, mas duas são mais conhecidas. Dizem que, no momento da criação, Deus presenteou todos os animais com a semente de uma árvore. O babuíno, um macaco conhecido por sua preguiça, recebeu as sementes de baobá e, ao invés de plantá-las, simplesmente as jogou na terra. As sementes teriam brotado de ponta-cabeça, deixando as raízes da árvore à mostra e sua copa enterrada. A segunda lenda diz que a árvore reinava sobre toda a África, mas o baobá era tão soberbo que os deuses se enfureceram e o colocaram de cabeça para baixo como castigo.

O local de acolhimento das famílias enlutadas, no campus da saúde, próximo ao Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, fica numa área hoje desértica que será sombreada com as mudas que estão sendo plantadas, proporcionando conforto ambiental aos usuários do HUBFS, estudantes, servidores, professores e visitantes da UFPA. Os familiares costumam voltar ao local do plantio, cuidar das árvores ou plantar flores, vivenciando a emoção de propagar a vida e encontrar consolo em meio à exuberante flora amazônica. Lidar com a natureza é terapêutico. Uma família doou uma mangueira de jardim de 50 metros, para ajudar a regar as mudas. As flores amarelas de xiquexique (Crotalaria juncea) estão florindo e outras vão brotar. Mudas de Ipê Rosa, Ipê Amarelo, Bougainvillea, Açaí, Dendê e Coqueiro estão viçosas. As borboletas, louva-a-deus e joaninhas vão chegar em breve.

Algumas árvores-homenagem estão sendo plantadas também no Instituto de Ciências Jurídicas. O Baobá plantado por Guy em memória de Zeno Veloso fica bem na curva ao lado da entrada lateral do Hospital Bettina Ferro, pertinho da margem do Igarapé Sapocajuba. O professor que contava histórias nunca será esquecido.

Nos dias de quartas e sextas-feiras a administradora Gina Calzavara prepara, em forno a lenha, sopa solidária dedicada aos trabalhadores das áreas verdes da UFPA, com ingredientes doados por algumas famílias enlutadas e outras pessoas que compreendem que exercitar a solidariedade é algo fundamental na vida em sociedade. Os trabalhadores que cuidam do meio ambiente do campus precisam desse apoio e acolhimento.

A paisagem do campus profissional da saúde vai, progressivamente, mudando com o plantio das árvores-homenagem. A manutenção mais criteriosa das áreas verdes também tem ajudado muito a valorizar a beleza natural da cidade universitária, e já ensejou outro projeto, a Trilha Igarapé do Sapocajuba, proposta apaixonante idealizada por Gina Calzavara para uma cidade universitária sustentável. Força, UFPA!

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