0

Só até este mês o Disque 100 registrou mais de 33.600 denúncias de violência contra idosos no Brasil. O pior é que a subnotificação é imensa e o número real é muito maior. Falta de assistência, restrição de convívio social, agressões verbais e físicas, além de exploração financeira são os principais flagelos da população mais velha. A ligação física e emocional ou o grau de dependência do idoso com o autor do crime dificulta a denúncia. Amigos, vizinhos ou qualquer pessoa que saiba das agressões têm o dever de denunciar. Unidades básicas de saúde, hospitais, clínicas, consultórios médicos e estabelecimentos congêneres – públicos e privados -, centros de saúde, médicos e demais agentes de saúde que, durante o atendimento a cidadão idoso, percebam sinais de maus tratos ao idoso devem notificar a violência. Os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), devem estar capacitados para identificar sinais de violência e informar às autoridades. Os casos devem ser notificados preferencialmente ao Ministério Público, ou então à Polícia Militar, Polícia Civil ou via Disque 100. Em caso de omissão, cabe processo judicial e punição administrativa.

A deficiência auditiva é uma causa das mais comuns que desencadeia violência contra os mais velhos, principalmente por parte de familiares. A violência psicológica é uma triste realidade: atos de humilhação, desvalorização moral ou deboche abalam a autoestima do idoso e resultam em depressão e distúrbios neurológicos graves.

Estudo conduzido pela socióloga Maria Cecília Minayo, pesquisadora emérita da Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que, em todo o mundo, mais de 60% dos casos de violência contra idosos ocorrem na própria residência. “Normalmente os agressores vivem dentro de casa com a vítima. Dois terços desses agressores são filhos, que agridem mais do que as filhas, seguidos por noras ou genros, e cônjuges, nesta ordem. Os idosos quase não denunciam, por medo e para proteger os familiares”. E no Brasil mais da metade dos idosos mantém financeiramente suas famílias.

Com frequência, o idoso que não ouve bem pergunta “o quê?” várias vezes durante uma conversa. É preciso repetir quantas vezes for necessário, com frases curtas, até que ele compreenda. Nunca gritar. Ao invés de ajudar, isso dificulta o entendimento. O melhor é falar pausadamente. Gesticular também ajuda. E é necessário tratar a perda auditiva, que pode causar alguns problemas cognitivos, até Mal de Alzheimer.

É fundamental também que crianças e adolescentes que convivem com os idosos sejam educados para ter paciência e carinho com eles. O apoio dos netos e sobrinhos é fundamental para que se sintam bem à vontade em família. E nada melhor do que dar o exemplo!

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Juiz do Pará propõe inovação ao Humanismo

Anterior

APJ e IHGP PA pedem a prefeito que não sancione a alteração de nome de ruas

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários