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A Afbepa – Associação dos Funcionários
do Banpará, divulgou nota a respeito da penalização de Jorge Kleber Varela
Serra, ex-coordenador do Posto de Serviço que funciona na Alepa. Ei-la:
“Jorge
Kleber Varela Serra, agora ex-funcionário do Banpará, está sendo julgado na
mesma medida dos antigos presidentes, diretores e tesoureiros da Alepa, como se
tivesse algum poder na roda que fez girar a corrupção e os desvios de verbas
daquela Casa parlamentar. Trata-se de uma covardia o que estão fazendo com esse
trabalhador!
O
único ‘crime’ que Jorge Kleber cometeu foi o de ter sido obediente demais,
submisso, em uma época em que o medo reinava amplo no Banpará. E por isso está
pagando um preço desproporcional.
Quando
coordenava o PAB Alepa, sempre que era obrigado pelo ‘cliente vip’ – a Alepa
-, a pagar os cheques sem assinaturas, consultava quem tinha o poder de mando e
a ordem era apenas uma: “Pague!”. E ele, obediente, pagava. E ai dele se não
pagasse!
Quando
resistiu, porque algumas vezes resistiu, foi chamado às salas dos diretores, do
tesoureiro e ouviu máximas do tipo: “Quem manda é o cliente!”, “O dinheiro é da Alepa e não do Banpará!”, “O Banpará está
aqui pra ajudar e não pra dificultar as coisas”. E vinham as ordens
superiores: “Pague! Já pensou se a Alepa tira as contas do Banpará?! Serás o
culpado!” E Jorge Kleber obedecia. E pagava.
No
dia seguinte começava uma romaria atrás dos poderosos da Alepa para que
assinassem os cheques. Enquanto ele corria atrás das assinaturas, o PAB estava
lotado, poucos funcionários, sobrecarga, problemas ocorrendo, e ele tinha que
retornar, já que era o Coordenador. Assim, alguns cheques eram assinados (não
pelo então presidente da Alepa, esse quase nunca assinava!), mas outros cheques
ficavam por assinar e eram remetidos a quem de direito.
E
quantas auditorias internas nunca reclamaram os cheques?! E a Alepa que nunca
reclamou os cheques?! E a direção do Banco, o governo ou o TCE que jamais
reclamaram nada?!

E agora, quando o escândalo vem à tona, é o Jorge Kleber, o funcionário
assalariado, sem nenhum poder real, que aparece como culpado, na mesma lista
dos ex-presidentes, diretores e tesoureiros da Alepa? Ele, que ou obedecia ou
era exonerado? Ele, que pediu mil vezes para ser retirado do PAB Alepa
exatamente por saber que estava sendo obrigado a agir contra os procedimentos
que ninguém respeitava? Cômodo demais para quem mandava, de fato, não?!
Agora
estamos vendo o Jorge Kleber listado em ação de pedido de bloqueio de bens
junto com Mário Couto e outros. Não é pra rir, embora pareça até piada! Seria
bom que o MP, a Justiça, a direção do Banpará, o governo estadual, o TCE, a Alepa
e todos os ditos poderes constituídos fossem até a casa do Jorge Kleber para
ver os bens que irão bloquear: uma casa de dois quartos no Paar e R$ 7 mil
reais de economias de uma vida de vinte e cinco anos de trabalho como
bancário que, agora demitido, sobrevive com essa imensa fortuna, R$ 7 mil
reais. Muito diferente do Mário Couto e dos demais arrolados, ou ainda não
arrolados nos processos, por terem tido poder de fato, na Alepa, nos períodos
que estão sendo investigados.

Um trabalhador que sequer tem um carro. Perdeu
recentemente o único emprego que possuía, o de bancário, por causa desse
escândalo. Mas tão absurda foi a demissão, que o comitê interno do Banco votou
por unanimidade pelo perdão tácito, e a Justiça, em primeira instância, anulou
a decisão, porém sem reintegrá-lo, apenas porque no Banpará o regime é
celetista. Jorge Kleber, agora desempregado, sequer tem plano de saúde para
tratar a terrível depressão que sobre ele se abate nesse momento.
Até
quando a direção do Banpará e os ‘poderes democráticos’ assistirão, calados, um
bancário dedicado, trabalhador, e submisso a ordens superiores ser queimado na
fogueira como se fosse um corrupto?! Até quando consentirão nessa injustiça
contra um trabalhador que apenas obedeceu?!
Finalmente,
mas não menos importante, como toda a sociedade de bem, desejamos que todo o
dinheiro público roubado da saúde, da educação, do saneamento, o dinheiro do
povo, seja devolvido aos cofres públicos e que os verdadeiros culpados sejam
exemplarmente punidos, mas não esse trabalhador que só satisfez a quem mandava.
Quem deve pagar é quem enriqueceu e quem tinha o poder para fazer girar essa
roda da corrupção e dos desvios. E nenhum desses era o bancário Jorge Kleber.”
 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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