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Dando continuidade à programação concebida para celebrar o bicentenário da Imprensa no Pará, a Academia Paraense de Jornalismo, em parceria com a Prefeitura Municipal de Belém, convida a tod@s para o evento deste sábado, dia 28, que terá como temática a centenária Academia do Peixe Frito. O evento inicia às 17h, na Praça do Relógio, com microfone aberto à declamação de poesias e leitura de trechos de livros. O grupo de carimbó Coletivo Tamborimbó animará a concentração. E pouco antes das 18h jornalistas, artistas, historiadores, escritores, poetas, cordelistas e quem quiser participar seguirão em cortejo cultural até o Solar da Beira, onde haverá uma mesa redonda sobre os grandes jornalistas que integravam a Academia do Peixe Frito, confraria que foi precursora da Semana de Arte Moderna. 

Os palestrantes são os pesquisadores José Varela, Victor Russo, Ysa Almeida e Salomão Habib, que se dispuseram a contribuir para este evento tão significativo com uma abordagem inédita. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, também já confirmou presença. A ideia é resgatar o protagonismo histórico da imprensa parauara, que sempre se destacou no cenário nacional, e proporcionar às novas gerações o conhecimento de fatos históricos que raramente são comentados em livros e nas escolas. A Academia do Peixe Frito merece ser reativada e para isso todas as pessoas que se preocupam com a cidade, o estado e o país e se interessam em trocar experiências para ajudar a transformar a realidade através da educação, da ciência e da cultura estão convocadas a se integrar a este movimento, que é apartidário e de caráter voluntário.

José Maria Varella Pereira, 84, ensaísta, servidor público aposentado, autor da trilogia iberiana composta de “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a Terra sem Mal” e “Breve História da Amazônia Marajoara”, militante dos direitos humanos da criaturada grande de Dalcídio Jurandir – populações tradicionais amazônidas -, descende de emigrantes galegos por parte materna e indígenas marajoaras pelo lado paterno. Foi repórter em Belém do Pará na década de 1960, escreveu artigos em diversos jornais paraenses, amazonenses e brasilienses. Exerceu os cargos de secretário municipal em Faro e em Ponta de Pedras em duas ocasiões, auxiliar de administração na Empresa Brasileira de Alimentos (COBAL/Matriz), Agente Administrativo e Oficial de Chancelaria no Ministério de Relações Exteriores, onde se aposentou em 1998. Serviu na Comissão Demarcadora de Limites e foi secretário administrativo da Divisão de Fronteiras (MRE/DF), removido para exercer encargo de Vice-Cônsul do Brasil em Caiena, de 1985 a 1990. Já aposentado, foi chefe de gabinete e assessor de relações institucionais na extinta Paratur. É o maior conhecedor da Academia do Peixe Frito, seus membros e circunstâncias.

Advogado e professor universitário, Victor Russo é Mestre em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará. Autor da Dissertação “Do Código ao Cânone: cultura jurídica e modernismo literário no Pará nos anos 1950”, é pesquisador da Revista Belém Nova, fundada em 1923, voltada às manifestações artísticas regionais, cujo diretor era o poeta Bruno de Menezes e que contou com a colaboração da jovem intelectualidade paraense e nacional, fazendo uma ponte dos modernistas de São Paulo com os da Amazônia, especialmente Oswald de Andrade, Raul Bopp, Abguar Bastos e Oswaldo Costa. A publicação circulou de 15 de setembro de 1923 até 15 de abril de 1929 e os jornalistas ligados à revista Belém Nova e à Revista de Antropofagia definiram os contornos do movimento antropofágico.

Ysa Almeida Brasil é graduada em Letras – Português, Bacharel em Moda e cursa Letras – Inglês pela UFPA. Especialista em Língua Portuguesa e Literatura, mestra em Comunicação, Linguagens e Cultura, com a dissertação intitulada “A vestimenta como Elemento de Representação Social na Poética de Bruno de Menezes: em Bailado Lunar e Batuque”, integra o projeto de pesquisa Academia do Peixe Frito: interfaces jornalismo e literatura. Ysa explica “Vestir o Invisível: a vestimenta como um elemento descolonizador nas obras de Bruno de Menezes”: Bruno de Menezes é importante nome para o Movimento Modernista Paraense, autor de obras que não figuram no discurso canônico brasileiro, mas que sem dúvida constroem parte importante dentro do mapa dos diversos movimentos modernistas do País. Ele liderou movimentos e grupos que repensaram a poética a partir da vivência na Amazônia paraense, um deles a Academia do Peixe Frito, formada por cerca de treze intelectuais, em sua maioria negros e autodidatas, que interferiu no pensamento político, cultural e social de Belém na primeira metade do século XX. O Modernismo de Bruno de Menezes propõe falar de uma nacionalidade real, apresentando a outra face da moeda social, onde estavam as multiculturas excluídas e protagonistas sociais apagados da história. Um dos elementos norteadores das diversas leituras que as obras de Bruno de Menezes proporcionam é através da vestimenta, que se apresenta nas obras como um elemento de descolonização e caracterizador da cultura paraense dentro de um determinado tempo e espaço. As obras Bailado Lunar e Batuque são pontos de partida que permitem observar a mudança da estética e de discurso na construção poética do autor.

Violonista, compositor, professor, arranjador, pesquisador, produtor musical, escritor e “imortal” da Academia Paraense de Letras, Salomão Habib estudou violão clássico e teoria da música no Conservatório Carlos Gomes com formação na Escola de Música de Havana, em Cuba. Cursou Direito na Unama. Foi docente do curso de Bacharelado em Educação Artística com Especialização em Música da UEPA, professor do Conservatório Carlos Gomes durante 25 anos e membro do Conselho de Cultura da FCG, além de diretor do Teatro Waldemar Henrique ao longo de uma década. Salomão Habib é autor da mais completa pesquisa sobre Tó Teixeira, um dos integrantes da Academia do Peixe Frito, obra grandiosa, fruto de vinte e dois anos de pesquisa, que reúne a história do músico, composições, fotografias e relatos do precursor do violão no Pará.

O evento faz parte da programação anual alusiva aos duzentos anos da imprensa no Pará e tudo isto ficará marcado na história do Pará e do Brasil. A Aguardamos os fazedores de cultura parauaras para degustar esse delicioso peixe frito literário!

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