Às 11h, horário de Paris, onde vivia desde 2013, Frei Henri Burin des Roziers, padre dominicano francês e ícone das lutas camponesas no Brasil, assistiu à missa, almoçou, e depois se recolheu à cama, onde faleceu às 14h, aos 87 anos.
O padre chegou ao Brasil em 1978 e foi para o sul do Pará depois de conhecer religiosos exilados na França, no tempo da ditadura militar. Formado em Letras pela Sorbonne e em Direito Comparado por Cambridge, ofereceu seus serviços na luta contra a impunidade, na região ultra conflagrada do Bico do Papagaio – divisa dos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão -, onde encontrou vítimas de trabalho escravo e nenhuma lei (nos últimos 30 anos, mais de 700 trabalhadores rurais foram assassinados lá). Logo foi incluído na lista de marcados para morrer e viu tombarem, vítimas da pistolagem, o padre Josimo Moraes (da Comissão Pastoral da Terra, assassinado em 1986 em Imperatriz, no Maranhão) e Expedito Ribeiro de Souza (presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, no Pará), entre outros.
Sua vida valia R$5 mil em 2010. O presidente francês, Jacques Chirac, chegou a pedir ao governo brasileiro que garantisse a segurança do religioso, que era sobrinho de Etienne Burin des Roziers, secretário-geral da Presidência da França no governo Charles de Gaulle. Advogado militante, frei Henri atuou em sete processos de assassinatos de sindicalistas e trabalhadores rurais.
Em 23 de fevereiro de 2005, a Rádio Vaticano repercutiu alerta feito pelo conselheiro federal da OAB e ex-presidente da OAB-PA, Sérgio Couto, que pediu, em sessão plenária da Ordem, garantia da vida de Frei Henri pelo governo federal. Felizmente, morreu de causas naturais. Que Deus o receba na luz eterna!
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