Pela enésima vez, o trecho entre Itaituba e Rurópolis, em que os traçados da Transamazônica (BR-230) e da Santarém-Cuiabá (BR-163) se superpõem no Pará, está interditado, precisamente no quilômetro 42, conhecido como Aterro da Lagoa, entre as localidades de Divinópolis e Campo Verde. A estrada se rompeu completamente pela força das águas e incapacidade dos bueiros, e por pouco não houve uma tragédia.
Cinquenta anos depois de seu início, em 1970, até hoje essas rodovias não foram concluídas. As pessoas que vivem nesse estirão nunca viram asfalto. É o retrato do abandono da região amazônica e do Pará pelo governo federal. Durante o verão, há buracos e poeira. Na época de chuvas, imensos atoleiros. Caminhoneiros e agricultores precisam de coragem para encarar a lama e seguir viagem. Nas ladeiras, caminhões, carretas e ônibus só conseguem trafegar com a ajuda de trator. Os motoristas têm que pagar caro pelo serviço de reboque. Já os motociclistas precisam empurrar o veículo enquanto aceleram o motor. Nos municípios, desabastecidos de gêneros alimentícios e remédios, os preços dos produtos triplicam, pelas imensas dificuldades de acesso.
A cada desgraça, nestas cinco décadas, proliferam promessas e é feita uma intervenção. Mas o serviço é tão porco, como diz o caboclo, que logo tudo se repete. Uma vergonha.
Há 50 anos o Pará espera a pavimentação definitiva da Santarém-Cuiabá, assim como da Transamazônica. Desde que foram implantadas, na época da ditadura militar, todos os presidentes da República fizeram a mesma promessa. E nenhum a cumpriu. O tempo urge, não dá para esperar mais. Inaceitável que o governo federal teça loas ao projeto Arco Norte de exportação e não cuide de asfaltar essas rodovias, corredor de integração nacional.
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