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O ano de 2022 foi marcado pela volta do público às salas de cinema, em consequência do aumento da população vacinada contra a Covid 19 e o acesso maior do consumo de filmes nos próprios cinemas, mesmo com mercado aquecido pela via streaming.

Agora em 2023, é necessário que as salas de exibição do circuito comercial e alternativo em Belém realizem investimentos na qualidade de imagem, som e conforto do público.

Não são despesas e sim estratégias de investimento para que sejam dissipadas as reclamações sobre o sistema de refrigeração e do áudio para aquele espectador que sai de casa para assistir um filme brasileiro e no meio da projeção tenta adivinhar o que o personagem falou.  Há também manchas em algumas partes da tela, facilmente visíveis quando a fotografia do filme fica mais clara.

No caso das salas contíguas dos shoppings, é incômodo quando o som de estrondos e explosões invade a sala ao lado, numa desconcentração que poderia ser evitada com isolamento sonoro eficaz.

Felizmente, as reclamações não valem para todas as salas de exibição, mas vale o registro para que a exibição seja otimizada e que a lista dos melhores filmes do ano de 2023 tenha qualidade de som e imagem superior ao exercício de 2022.

Abaixo, os filmes brasileiros e internacionais que se destacaram no ano passado, e que podem ser apreciados em diversas plataformas de streaming:

Crimes de Futuro, de David Cronemberg.

Nesse filme, o diretor canadense provoca o espectador com a produção artística e comportamental da chamada body art (arte do corpo), traduzindo a coisificação futura do corpo humano para uma atmosfera distópica e atemporal.

After Sun, de Charlotte Wells.

Aqui, as imagens surgem como poemas para a narração de uma viagem em férias na relação pai e filha.

Carvão, de Carolina Marlowicz.

O retrato duro que privilegia a estética naturalista no cinema brasileiro, consagra o desafio de fazer o cinema do tempo presente: a contaminação do lobo do lobo do homem no interior do Brasil.

Marte 1, de Gabriel Martins.

Cinema brasileiro acessível, bem narrado entre o sonho, a utopia e a realidade de uma família diante da nova ordem política de tons fascistas.              

Moonage Daydream, de Brett Morgen.

O tributo nada linear e cheio de citações imagéticas (musicais, animações, entrevistas), faz jus ao artista que sempre esteve com a bússola do som. Para sempre e eterno David Bowie. 

Deserto Particular, de Aly Muritiba.

Mais um grande exemplar do cinema brasileiro contemporâneo e a tarefa nada fácil de fazer um filme de amor em tempos tão duros. O filme reafirma a produção do cinema brasileiro como uma das mais importantes do cinema mundial. 

Bardo – Falsas Crônicas de Algumas Verdades, de Alejandro Iñárritu

O diretor espanhol nos brinda com a grande obra de arte cinematográfica de 2022. Iñárritu transita entre a memória, a fabulação, a improvável realidade e cria um trabalho surrealista, com roteiro bem costurado e um banho de imagens simbólicas que ficarão para sempre.

Drive my car, de Ryusuke Hamaguchi.

Esse filme sinaliza que sempre podemos apreciar filmes de países bem distantes (Japão), com outros temas, motivações universais e humanas, independente da metragem do filme.

Locorice Pizza, Paul Thomas Anderson.

Paul Thomas Anderson é um dos melhores cineastas americanos da atualidade. Esse filme, em particular, é uma ode ao tempo adolescente de ser, com vivacidade e propósitos da transição para o mundo adulto.

A Viagem de Pedro, de Laís Bodanski.

A cineasta transforma poucos recursos em um filme que desmitifica e humaniza um dos grandes modelos de afirmação histórica no Brasil, Dom Pedro I. O resultado é uma Babel de idiomas e luta de classes nas ondas do mar que atravessa as relações de poder do Brasil Império. 

O Homem do Norte, de Robert Eggers.

Filmes épicos bem feitos e de apelo popular estão cada vez mais raros, dada a concorrência das séries com o mesmo tema por streaming e a saturação de um gênero que pouco ousa cinematograficamente. Mas o filme de Eggers cumpre o papel das imagens de lutas e duelos segundo a tradição do filme épico e de aventura.

Mães Paralelas, de Pedro Almodóvar.

Almodóvar tem qualidade de sempre reinventar a estética do melodrama como novos olhares e surpresas que podem dividir a opinião da crítica e do público. Seus filmes são imprevisíveis, com reviravoltas e desfechos que instigam o espectador.

Ennio, o maestro, de Giuseppe Tornatore

Cinema e música para cinéfilos de todos os gêneros cinematográficos. Tornatore revela o artista que elevou a trilha sonora à categoria de obra de arte em diversas colaborações para grandes cineastas.

José Augusto Pachêco
José Augusto Pachêco é jornalista, crítico de cinema com especialização em Imagem & Sociedade – Estudos sobre Cinema e mestre em Estudos Literários – Cinema e Literatura. Júri do Toró - 1º Festival Audiovisual Universitário de Belém, curadoria do Amazônia Doc e ministrante de palestras e cursos no Sesc Boulevard e Casa das Artes.

Destituída a Diretoria da Unimed Belém com nomeação de Direx interina

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