A profundidade da reverência à Rebeca

A foto do pódio do solo da ginástica artística, com Simone Biles e Jordan Chiles curvadas, em sinal de reverência à Rebeca Andrade, rapidamente ganhou o mundo e certamente já ocupa o hall das imagens mais icônicas das Olimpíadas de todos os tempos. Nomes como a atriz Viola Davis, a filósofa Djamila Ribeiro, a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, a ministra e ex-atleta Anielle Franco, vibraram e comentaram a força da mensagem transmitida ao mundo, num momento histórico em que três mulheres negras ocupam o pódio e quando cidadãs do país que incorpora o conceito de imperialismo na atualidade fazem questão de demonstrar respeito a uma representante do Sul Global, que nasceu e cresceu em uma favela e através de um projeto social teve acesso ao esporte que mudou sua vida e a história do Brasil. Também não podemos esquecer as representações dos espírito olímpico, no qual as rivalidades ficam reservadas aos momentos das competições esportivas, e de sororidade, quando mulheres apoiam mulheres e vibram com as vitórias uma das outras.

Em entrevista coletiva, o repórter da CNN perguntou às estadunidenses o que motivou à atitude. Assistam ao video.

Rebeca Andrade é a maior medalhista olímpica brasileira da história, com seis medalhas: duas de ouro, três de prata e uma de bronze. Na entrevista oficial após a premiação, ela brincou que deixava Paris com “uma de cada cor”. Quando indagada como se sentia em superar Biles no solo, Rebeca foi categórica ao afirmar que não luta contra Simone, que luta para se superar cada vez mais e que admira e respeita a atleta com quem compete esportivamente.

Simone Biles é a ginasta estadunidense com maior quantidade de medalhas olímpicas da história, com um total de onze medalhas. Ela não é, no entanto, a maior medalhista olímpica de todos os tempos da ginástica artística como algumas pessoas tendem a pensar: este título ainda pertence à ginasta soviética Larisa Latynina, que possui 18 medalhas olímpicas. Jordan Chiles tem três medalhas olímpicas: uma de prata por equipe, em Tóquio, uma de ouro, também por equipe, em Paris, e agora uma de bronze, pelo solo, em Paris.