0

Para quem está acompanhando as competições olímpicas de skate, é impossível não reparar em uma coisa: a variedade das idades entre atletas. Rayssa Leal, a nossa “fadinha”, hoje com 16 anos, é a atleta mais jovem da história (entre mulheres e homens) a conquistar medalhas em duas Olimpíadas diferentes – prata em Tóquio e bronze no skate street em Paris. Em Tóquio, com apenas 13 anos, foi a atleta mais jovem brasileira a subir ao pódio olímpico. Em Paris, a atleta mais jovem a participar das competições foi a chinesa Zheng Haohao, de 11 anos, no skate park. Ela nasceu no último dia das Olimpíadas de Londres 2012 e também entrou na história como a atleta mais jovem a representar a República Popular da China em uma Olimpíada.

Rayssa Leal (Instagram/Reprodução)

Mas por que no skate feminino a presença de pré-adolescentes e adolescentes é indiscutivelmente maioritária, enquanto no masculino há competidores como o britânico Andy Macdonald, de 51 anos? A piada pronta é que as mulheres viram adultas mais cedo (por causa de diversos fatores culturais opressores sobre os quais não trataremos aqui) e não têm mais tempo para brincar. Pode não ser exatamente esta a resposta correta, porém um dos fatores passa por aí: a falta de maturidade ajuda. Adolescentes tendem a não se preocupar tanto com lesões quanto os adultos. A vantagem mais decisiva, no entanto, é que corpos menores oferecem benefícios no esporte, especialmente para manobras que exigem rotação, pois o centro de gravidade está mais próximo do skate e facilita a execução de truques. Embora a força seja importante para proporcionar velocidade e altura ao saltar, ter excesso de massa muscular pode ser prejudicial.

Andy Macdonald, amigo e contemporâneo da lenda do skate Tony Hawk, é o atleta mais velho da modalidade. Nascido nos Estados Unidos, compete pela equipe britânica por causa da nacionalidade herdada de seu pai. Conhecido por sua habilidade no vert skate, Andy já havia conquistado todas as suas 23 medalhas nos X Games antes de Zheng  sequer nascer – 40 anos separam os dois atletas. Outro “tiozão” do skate nas Olimpíadas é o sul-africano Dallas Oberholzer, conhecido por seu trabalho filantrópico que utiliza o skate como uma ferramenta para mudança social, promovendo a inclusão e oferecendo oportunidades para jovens de comunidades carentes.

Andy Macdonald e Dallas Oberholzer (Instagram/Reprodução)

O atleta mais velho competindo em Paris 2024 é o espanhol Juan Antonio Jimenez Cobo, de 65 anos, do hipismo e que estreou em Olimpíadas em Sydney 2000. Mary Hanna, da Austrália, é ainda mais velha, com 69 anos, no entanto é reserva em sua equipe e não competiu. Outros veteranos da equitação são o sueco Rolf-Goran Bengtsson, de 62 anos, o suíço Pius Schwizer, de 61 anos, o canadense Mario Deslauriers, de 59 anos e o americano Steffen Peters, de 59 anos. O britânico Carl Hester, de 57 anos, ganhou uma medalha de bronze por equipe m sua sétima participação olímpica. Na equipe de tênis de mesa do Chile, Zhiying Zeng fez sua estreia olímpica aos 58 anos, quase quatro décadas após não conseguir representar a China em Los Angeles 1984. Ni Xia Lian, que nasceu em Shanghai mas representa Luxemburgo, é oficialmente a jogadora de tênis de mesa mais velha a conquistar uma vitória nas Olimpíadas: ela derrotou Sibel Altinkaya, da Turquia. Embora tenha perdido para Sun Yingsha, da China, de 23 anos (prata no individual e ouro em dupla), Ni foi ovacionada de pé pelo público. Ni venceu a partida mais longa da era moderna aos 54 anos, que durou 1 hora, 32 minutos e 44 segundos durante o Seamaster 2017 ITTF World Tour Hybiome Austrian Open.

Ni Xia Lian (Instagram/Reprodução)

Notável também é a história de Nino Salukvadze da Geórgia, que aos 55 anos entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a participar de dez Olimpíadas. A atleta de tiro esportivo estreou em Seul 1988, onde ganhou ouro e prata, e em Rio 2016 competiu ao lado de seu filho, Tsotne Machavariani, também atirador, tornando-se o primeiro duo mãe e filho a competir na mesma edição das Olimpíadas.

Nino Salukvadze (Instagram/Reprodução)

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, não há limites etários para participar de uma Olimpíada, nem “pra cima” e nem “pra baixo”. O atleta mais velho em uma Olimpíada foi o sueco Oscar Swahn, que competiu no tiro aos 72 anos e 281 dias em 1920. Ele também é o medalhista de ouro da história, pois subiu ao topo do pódio olímpico aos 64 anos em Estocolmo 1912. Na lista dos “setentões olímpicos” também estão o polaco Arthur von Pongracz, que competiu no dressage aos 72 anos em 1936, e Hiroshi Hoketsu, que representou o Japão na equitação aos 71 anos, em 2012.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

Dias mulheres virão!

Anterior

Atleta Lazar Đukić desaparece durante os CrossFit Games 2024

Próximo

Você pode gostar

Comentários