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A inteligência artificial surge para trazer uma grande inovação no tratamento e na praticidade para utilização dos dados de imagens e documentos, transformando conteúdos “crus” em estruturados. Mas a IA não atua somente em cima de dados. Ela também é usada em diferentes disciplinas no âmbito da tecnologia, como engenharias de software, estatística, ciência da computação e até mesmo neurociência, filosofia e psicologia. Porém, o princípio básico gira em torno dos dados, onde os sistemas de IA aprendem majoritariamente através de algoritmos treinados para a identificar padrões e relacionamentos, no intuito de fazer previsões e categorizar os dados, transformando-os em valiosas informações para o negócio.

Entretanto, o que pode ser feito na prática com o uso de ferramentas tão poderosas ao alcance de qualquer curioso por tecnologia? Tornou-se até comum recebermos vídeos de uma pessoa falando algo que ela na verdade não disse. Mas como isso acontece? Isso é possível através da manipulação de imagens justamente com a utilização de inteligência artificial. Além do que foi dito anteriormente, é possível fazer uso da imagem de alguém e simular uma fala ou uma situação qualquer, totalmente manipulada. Outro exemplo é fazer uso de vídeo que já existe e, nele, substituir o rosto colocando o de uma outra pessoa. É um grande risco ao qual ninguém está alheio de ser um alvo ou uma vítima.

As manipulações digitais de imagens com o uso de inteligência artificial foram fortemente utilizadas nas últimas eleições argentinas, onde houve a veiculação de factoides de ambos os lados. Em novembro de 2023, Milei surgiu vangloriando Margaret Thatcher chamando-a de grande líder – ela era a primeira-ministra do Reino Unido durante a Guerra das Malvinas – e, em outro vídeo, no mesmo período, Sérgio Massa, principal adversário de Milei, apareceu fazendo uso de drogas. Ambos os vídeos haviam sido manipulados através de IA para simular os então candidatos nas duas situações – a técnica batizada de deepfake.

A grande novidade para as eleições brasileiras de 2024 foi o veto por parte do TSE, à utilização de inteligência artificial nas campanhas políticas, com a proibição de manipulação ou modificação de áudios e vídeos (deepfake) para simular a fala ou os gestos das pessoas. O texto, aprovado pelos ministros do TSE, também proíbe a utilização de chatbots (robôs) e avatares durante as campanhas eleitorais. A punição pode acarretar inclusive na cassação do mandato.

Existem algumas formas de identificar possíveis vídeos falsos: expressões faciais incomuns, movimento labiais que não condizem com a fala ou até mesmo detalhes nas imagens de fundo ou falhas no áudio. Vale ressaltar que os avanços tecnológicos acontecem todos os dias e provavelmente ficará cada vez mais difícil de perceber algum tipo de falha ou erro.

Como a criatividade maldosa de alguns também parece crescer na mesma exponencial velocidade, é preciso ficar cada vez mais atento e sempre checar os fatos – e as fontes – para saber distinguir bem o que é verídico do que é falso, uma vez que a modernidade avançou inclusive na criação dos fakes, que agora já não aparecem apenas nos textos e matérias, mas também nos vídeos veiculados.

Imagem: Gerd Altmann – Pixabay

Daniel Leite Teixeira
Daniel Leite Teixeira é analista de sistemas da Advocacia-Geral da União, Mestre em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade de Lisboa, especialista em Redes de Computadores pela UFPA, músico e guitarrista da Ultranova.

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