Sebastião Pena Marcião nasceu em 16 de abril de 1942, a bordo de uma embarcação, em viagem de Alenquer para Santarém (Estado do Pará), navegando no rio Surubiú, braço do Rio Amazonas.
Seu pai o registrou no Cartório em Santarém.
Ele próprio se considerava santareno, por ter crescido e vivido na “Pérola do Tapajós”, durante a infância e boa parte da juventude.
Babá, como era conhecido pelos mais íntimos, adotou o sobrenome “Tapajós” em homenagem ao belo rio azul que banha a cidade de Santarém, onde ocorre o indescritível fenômeno do encontro das águas entre os rios Tapajós e Amazonas.
Tapajós era filho do Sr. Sebastião Carvalho Marcião e de D. Maria Pena Marcião.
Falecido no último dia 02 de outubro, deixou viúva a Srª. Tanya Maria Souza de Figueiredo Marcião (66) e os filhos Dessirre (38), Sebastião Júnior (36), Maitê Maria (34) e Emmanuele – Manú (21).
Iniciou seus estudos de violão, ainda criança, com o pai.
Nessa época, sua família morava próximo ao Grupo Escolar Frei Ambrósio, a poucos metros de nossa casa, em Santarém, e eu sempre o via passar infalivelmente acompanhado de seu violão.
Pouco preciso dizer sobre a trajetória profissional de Sebastião Tapajós, artista santareno consagrado em âmbito nacional e internacional, como é público e notório, pois muito já foi escrito e divulgado sobre o violonista.
Formado pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa (Portugal), fez curso de violão em Madrid com o notável compositor, violonista e professor Emílio Pujol. Diplomou-se pelo Instituto de Cultura Hispânica. Ganhou inúmeros prêmios, como “O Grande Prêmio do Disco do Ano da Alemanha de 1982” e o “Melhor Músico Brasileiro de 1992”. Gravou dezenas de discos e é considerado pela crítica internacional como um dos melhores instrumentistas do mundo. Realizou várias turnês de sucesso por todo o planeta e participou de incontáveis eventos musicais em diversos países.
Tocou em inúmeros conjuntos musicais, na companhia de célebres artistas brasileiros e estrangeiros.
Foi professor de violão clássico no Conservatório Musical Carlos Gomes, em Belém.
A vida e a obra de Sebastião Tapajós são objeto de documentários, dissertações e teses acadêmicas de pós-graduação, como “O idiomatismo na obra para violão solo de Sebastião Tapajós”, de autoria de Ismael Lima do Nascimento, dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Pós-graduação em Música da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Instituto de Artes, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Música, sob orientação do Prof. Dr. Giacomo Bartoloni, em 2013: “Esta dissertação tem como foco o idiomatismo em música e sua manifestação na obra para violão solo de Sebastião Tapajós, em que procuramos verificar, através de uma pesquisa de cunho bibliográfico, a utilização do termo idiomatismo no âmbito acadêmico musical, com ênfase para o meio violonístico, e sua aplicabilidade analítica na obra do compositor. Iniciamos este trabalho discutindo sobre os significados do termo e sua utilização nas produções acadêmicas brasileiras, abrangendo as possibilidades conceituais do termo como linguagem musical, linguagem composicional, e linguagem instrumental, com ênfase para o instrumento violão. A segunda parte da pesquisa é dedicada ao compositor Sebastião Tapajós, em que traçamos um perfil biográfico do violonista, destacando sua trajetória, influência, e sua obra para violão solo. E na terceira parte, foi realizada uma análise de cinco peças para violão solo do compositor, destacando o idiomático em sua linguagem musical, instrumental e em sua linguagem composicional”.
Nessa dissertação de Maestro, Ismael Lima do Nascimento escreve que “aos oito anos, seu pai o encaminhou para ter aulas de violão com o professor, violonista e artista plástico João Fona, ao mesmo tempo em que Tapajós dava prosseguimento em seus estudos como autodidata, reproduzindo no violão as músicas que ouvia nas rádios e, inclusive, harmonizava algumas melodias que ouvia, mesmo sem ter conhecimento de teoria musical”.
Confira:
Em 2013, Sebastião Tapajós recebeu o título de Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade do Estado do Pará (UEPA); e, no mesmo ano, tornou-se Doutor Honoris Causa outorgado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
Em 2017 foi fundado, em Santarém, o Instituto Sebastião Tapajós, em comemoração aos 75 anos de idade do artista.
A Lei Municipal de Santarém nº 20.418, de 30 de maio de 2018, concedeu-lhe uma pensão vitalícia.
Sebastião Tapajós permanecia bem ativo em suas atividades musicais e incentivou muitos jovens artistas no culto da Arte de Euterpe.
Em agosto deste ano de 2021, ele participou, em Belém, do tradicional “Tapajazz”. O artista continuava compondo bastante. Tinha projetos e planos para várias gravações e concertos.
Quando retornou a Santarém, há cerca de 20 anos, para desfrutar de uma vida simples, em contato com a natureza, fonte de inspiração, mantinha intensa agenda, inclusive com programas no país e no exterior.
Em Santarém, residia na aprazível praia de Pajuçara, de onde se aprecia a ponta da praia de Arariá e, por entre as árvores, o infinito do belíssimo rio Tapajós, com uma maravilhosa paisagem de mais de 20 quilômetros de largura. Um paraíso!
Embora acometido do Mal de Parkinson, ainda em fase inicial, continuava compondo e tocando o seu extraordinário violão.
Por volta de 1956, quando eu tinha 8 anos de idade, apresentei-me, ao piano, num concerto lítero-musical, no Clube Centro Recreativo, organizado por meu pai, Wilson Fonseca (Maestro Isoca). com a presença de vários alunos de estabelecimentos de ensino de Santarém.
Na mesma ocasião, o jovem Sebastião Pena Marcião (Sebastião Tapajós), também se exibia, creio que pela primeira vez em público, naquele clube social, em Santarém, para executar, em seu violão maravilhoso, uma peça de Dilermando Reis, o conhecido violonista e compositor brasileiro, antes de brilhar no Brasil e no exterior.
Fomos, então, parceiros na estreia daquele espetáculo musical, no saudoso tempo de criança e juventude.
Quando Sebastião passou por Boa Vista (RR), onde eu estava residindo, por motivos profissionais, em 1980, como magistrado trabalhista, o convidei para almoçar em casa. Depois do almoço, registrei, num pequeno gravador, algumas de suas apreciáveis execuções, ao violão. De entremeio, criei coragem para cantar a “Canção de Minha Saudade” (“Nunca vi praias tão belas/Prateadas como aquelas/Do torrão em que nasci”) – considerada o “hino sentimental” de Santarém -, que tem letra de meu tio Wilmar Fonseca e música de meu pai Wilson Fonseca (1949), no que fui acompanhado, ao violão, pelo genial “Babá”. Guardo essa relíquia com muito carinho.
Vinte e dois anos depois, em 8 de janeiro de 2002, estávamos, novamente juntos, no “Encontro com Maestro Isoca”, no Art Doce Hall (Sala Augusto Meira), em Belém: ele com o seu magnífico violão; e eu, no piano, participando do extraordinário concerto, idealizado pela Profª. Glória Caputo.
Nesse concerto de 2002, que teve a presença do próprio homenageado (Maestro Isoca) e seus familiares, dois meses antes de seu falecimento, foram executadas composições musicais de meu pai, que contou com a participação de Sebastião Tapajós, ao violão, tais como “Acalanto”, “Pérola do Tapajós” e, novamente, “Canção de Minha Saudade”, as duas primeiras interpretadas pela cantora Andréa Pinheiro e diversos outros músicos, a irmã mais velha de Isoca (tia Ninita, ao piano), filhos, netos, sobrinhos e nora de Wilson Fonseca, naquela que foi a última homenagem, em vida, ao Maestro santareno (Isoca), na capital paraense, e da qual resultou na edição de um CD, com a gravação, ao vivo, do evento, patrocinado pela Prefeitura Municipal de Belém (administração: Edmilson Rodrigues), lançado na 2ª Bienal Internacional de Música de Belém, em 22 de setembro do mesmo ano, no Palco da Aldeia Cabana de Cultura Amazônica “David Miguel”.
Eis alguns tópicos dos comentários que escrevi no encarte do CD:
No limiar do ano de seu 90º aniversário natalício, Wilson Fonseca, carinhosamente conhecido por Maestro Isoca, era homenageado com um recital, no dia 8 de janeiro 2002, no Art Doce Hall, na capital paraense, idealizado pela Profª. Glória Caputo e organizado por mim, sob patrocínio do Banco da Amazônia S/A. Participaram do “Encontro com Maestro Isoca” artistas locais, estrangeiros e familiares, tais como as irmãs Andréa Campos (violino) e Tânia Campos (viola), David Misiuk (trompa) e Douglas Kier (violoncelo), residentes em São Paulo, os pianistas Tynnôko Costa, Adriana Azulay, Lenora Menezes de Brito e Eliana Cutrim, os cantores Olivar Barreto, Dione Colares, Maria Lídia Mendonça e Andréa Pinheiro, além de Miguel Campos (violino), Yuri Guedelha (flauta e saxofone), Oleg Andreev (clarinete), Vadin Klokov (fagote), Kzan Gama (contrabaixo) e Arlindo Dadadá (percussão). Seus filhos e netos também estavam presentes na homenagem ao Maestro, que contou, ainda, com a participação do consagrado violonista santareno Sebastião Tapajós.
O registro fonográfico do concerto, sob os auspícios da Prefeitura Municipal de Belém, através da FUMBEL, durante a 2ª Bienal Internacional de Música de Belém, é mais do que oportuno, porque preserva a gravação ao vivo de parte substancial do histórico recital, o último em homenagem a Wilson Fonseca, na capital paraense, com a presença do saudoso compositor santareno. Uma breve amostragem de sua extensa e apreciável obra musical.
Esse caleidoscópio abrange um longo período, de músicas compostas desde 1935 até 2002, considerando o ano das últimas transcrições.
(…)
Canção de Minha Saudade (1949/2002 – canção) – Wilmar Fonseca (letra) e Wilson Fonseca (música). Arranjo, concepção e transcrição: Wilson Fonseca, Vicente José Malheiros da Fonseca, José Agostinho da Fonseca Neto e José Agostinho da Fonseca Júnior. Canto: Andréa Pinheiro e familiares de Wilson Fonseca (Maria da Conceição Malheiros da Fonseca, Maria de Jesus Malheiros da Fonseca, Diana Santos Fonseca, Wilson Dias da Fonseca Neto, Maria da Salete Campos Belém, Maria de Lourdes Fonseca de Campos, Maria de Fátima Campos Pinho, Maria das Graças Fonseca de Campos, Maria da Conceição Campos Sampaio, Neide Teles Sirotheau da Fonseca, Vicente José Malheiros da Fonseca Filho, Adriano Teles Sirotheau da Fonseca, Lorena Teles Sirotheau da Fonseca). Piano acústico: Vicente José Malheiros da Fonseca. Piano digital: José Agostinho da Fonseca Neto. Saxofone-alto: José Wilson Malheiros da Fonseca. Violão: Sebastião Tapajós. Orquestra: Andréa Campos (1º violino), Miguel Campos (2º violino), Tânia Campos (viola), Douglas Kier (violoncelo), Yuri Guedelha (flauta), José Agostinho da Fonseca Júnior (oboé), Oleg Andreev (clarinete), David Misiuk (trompa) e Vadin Klokov (fagote). Participação da platéia.
Em 2008, Sebastião Tapajós faz outra homenagem especial a Wilson Fonseca, com a gravação das músicas Pérola do Tapajós, Terra Querida, Um Poema de Amor e Canção de Minha Saudade, de autoria de meu saudoso pai, no CD “Cordas do Tapajós”. Intérpretes: Sebastião Tapajós (violão, arranjos, produção e direção); Moacir Santos (violão); Djalma Pereira (violão e cavaquinho); Fagner Viana (Derek) – violão e cavaquinho; Márcio Jardim (percussão); Kaila Moura (vocal). Nesse CD Sebastião inclui a bela obra musical, de sua própria autoria, intitulada “Cordas para Isoca”.
No livro “A Vida e a Obra de Wilson Fonseca (Maestro Isoca)”, de minha autoria, em homenagem ao centenário de nascimento de meu pai, impresso na Gráfica do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012, faço comentários específicos sobre três músicos santarenos: Rachel Peluso, Wilson Fonseca e Sebastião Tapajós. Tive o privilégio de conhecer pessoalmente Rachel, Wilson e Sebastião, três gênios da música brasileira, e de privar de suas amizades, todos eles orgulhos da “Pérola do Tapajós”.
No citado livro existe um Capítulo com o título de “Isoca, Rachel Peluso e Sebastião Tapajós”.
Rachel Peluso nasceu em Santarém (02.05.1908) e faleceu, com 96 anos, em São Paulo (04.04.2005), onde viveu por muitos anos. Foi minha professora de piano no Instituto (Conservatório) Musical “Padre José Maurício”, em São Paulo, na década de 60 do século XX.
Para a pianista e compositora santarena, meu avô paterno, José Agostinho da Fonseca, dedicou, em 1922, a valsa “Rachelina” (letra do poeta João de Jesus Paes Loureiro, escrita em 1996).
E eu dediquei-lhe a “Valsa Santarena nº 39” (1992), executada, em primeira audição pública mundial, no Concerto em homenagem ao seu centenário de nascimento, realizado em Montevidéu (Uruguai), em agosto de 2008, organizado pelo maestro e pianista uruguaio Julio César Huertas.
Foi Rachel Peluso que sugeriu os subtítulos das minhas primeiras 24 “Valsas Santarenas” (atualmente, uma série de 128 obras), depois de examinar e tocar essas peças: Valsa Santarena nº 1 – “Praia dos Namorados“; Valsa Santarena nº 2 – “Revoada das Garças“; Valsa Santarena nº 3 – “Rio Tapajós dos Meus Sonhos“; Valsa Santarena nº 4 – “Saudosa Vera-Paz“; Valsa Santarena nº 5 – “Eterno Bailado dos Rios, Tapajós e Amazonas“; Valsa Santarena nº 6 – “Formosa Tapúia“; Valsa Santarena nº 7 – “Vitória-Régia“; Valsa Santarena nº 8 – “Seresta do Caboclo“; Valsa Santarena nº 9 – “Gorjeio do Jurutaí“; Valsa Santarena nº 10 – “Ilha Encantada“; Valsa Santarena nº 11 – “Sinfonia das Matas Selvagens“; Valsa Santarena nº 12 – “Noite de Luar“; Valsa Santarena nº 13 – “Coração Saudoso“; Valsa Santarena nº 14 – “Céu de Estrelas“; Valsa Santarena nº 15 – “Encontro das Águas“; Valsa Santarena nº 16 – “Meu Violão“; Valsa Santarena nº 17 – “Flores Silvestres“; Valsa Santarena nº 18 – “Em Cada Coração, Saudade de Santarém“; Valsa Santarena nº 19 – “O Canto da Mocoronga“; Valsa Santarena nº 20 – “Alvorada da Floresta Amazônica“; Valsa Santarena nº 21 – “Belém, Expressão das Artes“; Valsa Santarena nº 22 – “Serenata ao Luar“; Valsa Santarena nº 23 – “Melodia do Amor“; e Valsa Santarena nº 24 – “Sol Poente“.
Wilson Fonseca (Isoca), nascido em 17.11.1912, faleceu, em Belém, em 24.03.2002, com 89 anos de idade. Meu eterno Mestre na vida e na arte. A ele dediquei diversas composições musicais, tais como o “Quarteto 2012” (Quarteto de Cordas) e o “Dobrado Maestro Isoca”, dentre outras. Muito tenho escrito sobre meu querido genitor. Considero-o, sem favor algum, a alma da cidade, o seu uirapuru-mor, orgulho da cultura amazônica e da história da música brasileira, pelo singular exemplo de compositor praticamente autodidata. Autor de mais de 1.600 produções musicais catalogadas em 20 volumes, grande parte ainda inédita, Isoca foi escritor, pesquisador, poeta, pianista, organista, saxofonista, maestro, compositor, historiador, memorialista, folclorista, professor, multi-instrumentista e amigo de todas as horas.
Sebastião Tapajós nasceu em 16.04.1942 e faleceu em Santarém, em 02.10.2021. Depois de percorrer o mundo inteiro tocando o seu fabuloso violão e divulgando a música da Amazônia, viveu os seus últimos 20 anos na Pérola do Tapajós, onde continuava produzindo intensamente. Tapajós era o mago do violão, mundialmente consagrado.
Embora nascidos na mesma cidade e praticamente contemporâneos, é curioso assinalar que esses três músicos santarenos jamais estiveram fisicamente reunidos num mesmo evento musical.
Confesso que cheguei a imaginar um encontro artístico entre minha professora de piano, meu pai e meu amigo “Babá”, na “Pérola do Tapajós”. O destino, porém, traçou caminhos próprios para a trajetória desses santarenos ilustres.
Rachel Peluso, ainda jovem, transferiu-se para São Paulo, mas se apresentou em concertos no Brasil e no exterior.
Meu saudoso genitor permaneceu na terra querida. Porém, músicas suas são executadas na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte (“Ecce Sacerdos Magnus”, na sagração episcopal de D. Tiago Ryan, em Chicago, em 1958).
E Sebastião Tapajós, que há duas décadas retornou ao antigo regaço, depois de residir por diversos anos no Rio de Janeiro, fez sucesso no mundo todo, encantando plateias com o seu violão virtuoso.
Guardo em meus arquivos outra preciosa relíquia: a raríssima gravação que fiz com Rachel Peluso na execução da valsa “Rachelina”. Ela, no bandolim, e eu, ao piano, no acompanhamento. Essa gravação doméstica ocorreu quando estive, em sua casa, em São Paulo, na década de 70, em companhia de meu tio Wilmar Fonseca. Na ocasião também ali estava o compositor amazonense Arnaldo Rebello, que residia no Rio de Janeiro, autor das belas “Valsas Amazônicas”. Fizemos um oportuno sarau, após o lançamento de obras musicais da querida professora.
Enfim, Santarém deve se orgulhar de ter sido berço de Rachel Peluso, Wilson Fonseca (Maestro Isoca) e Sebastião Tapajós, três dentre os maiores compositores paraenses e brasileiros.
Sebastião Tapajós foi membro vitalício da Academia de Letras e Artes de Santarém, titular da Cadeira nº 14 (Patrona: Gioconda Peluso, excelente soprano, santarena).
Tive conhecimento de que Sebastião Tapajós será Patrono de uma Cadeira na Academia de Música do Brasil, sediada no Rio de Janeiro, conforme informação que me foi transmitida pelo Dr. Luís Roberto Von Stecher Trench, idealizador, fundador e Presidente da entidade acadêmica.
Na mesma ocasião, o musicólogo e crítico musical Luís Roberto Trench falou-me que Sebastião Tapajós será nome de uma Medalha instituída pela mesma Academia, destinada a violonistas de destaque.
O confrade Luís Roberto Trench, Presidente das instituições acadêmicas adiante mencionadas, ainda me deu outras notícias alvissareiras para a arte e a cultura de Santarém e da Amazônia.
Wilson Fonseca, Patrono da citada Academia e outras do gênero, será nome de Medalha outorgada pela Academia de Música de São Paulo.
Rachel Peluso e sua irmã Gioconda Peluso (soprano, santarena, que cantou músicas de Wilson Fonseca na Itália) serão Patronas da Academia de Música do Rio de Janeiro.
E, no próximo ano de 2022, serão cunhadas e incorporadas as Medalhas, instituídas pela Academia de Música do Brasil, em homenagem ao Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Santarém, nossa terra tão querida.
O nosso pranteado violonista desfrutou do privilégio pelo regresso à casa paterna, onde reinou soberano, à foz de um rio azul. No azul celestial habitam também meu pai, com sua lira iluminada, e Rachel Peluso, a decana dessa talentosa tríade de músicos da querida Santarém.
No dia do falecimento do incomparável violonista tapajônico, o amigo, confrade e parceiro Renato Sussuarana (filho do inspirado poeta Felisbelo Sussuarana e irmão do talentoso poeta Felisberto Sussuarana, falecidos), enviou-me o texto poético de uma bela homenagem ao nosso querido “Babá”, com o pedido de que eu criasse uma música para a sua linda letra.
No dia seguinte, tive a felicidade de compor a música da “ELEGIA A SEBASTIÃO TAPAJÓS”, que adoto agora como coda para este singelo artigo:
ELEGIA A SEBASTIÃO TAPAJÓS*
Letra: Renato Sussuarana**
(Santarém-PA, 02 de outubro de 2021)
Música: Vicente José Malheiros da Fonseca***
(Belém-PA, 03 de outubro de 2021)
O violão ficou só
Silenciou!
O mago do dedilhar partiu
Ao Céu subiu
Foi pro lado dos anjos
Dos arcanjos
Deus o chamou.
Ele partiu, nos deixou
Santarém chorou
Seu violão emudeceu
O grande violonista feneceu
Nos deixou
Só a saudade ficou.
Nos corações tapajônicos
Um grande vazio.
Sebastião Tapajós partiu
Subiu!
Subiu ao Céu
O Céu ganhou uma grande estrela
Um grande artista,
Um belo acorde no reino celeste surgiu.
O Céu cantou, festejou, sorriu
Sebastião Tapajós partiu
Seu violão aqui ficou
Ficou sem acordes
Ficou mudo, sem som.
Santarém sua cidade
Silenciou, chorou,
Chorou de tristeza,
Chorou de saudade.
……………………………..
* Homenagem póstuma do amigo e confrade Sebastião Tapajós, imortal da Academia de Letras e Artes de Santarém – A.L.A.S. (Cadeira nº 14 – Patrona: Gioconda Peluso), falecido em 02.10.2021.
** Titular da Cadeira nº 3 da Academia de Letras e Artes de Santarém (Patrono: Antônio Batista Belo de Carvalho).
*** Titular da Cadeira nº 39 da Academia Letras e Artes de Santarém (Patrono: Wilmar Dias da Fonseca).
Violino e Piano.
Ouça a música (execução simulada por computador):
Assista também este breve vídeo, disponível na Internet, com trechos, ao fundo da reportagem, da nossa obra musical em homenagem ao amigo violonista Sebastião Tapajós:https://globoplay.globo.com/v/9917387/
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