“Somos fortes, trabalhadeiras e belas”. É assim que uma “menire” – mulher na língua dos Kayapó – refere-se ao próprio gênero, como registra o catálogo “Menire Bê Kayapó Djàpêj” (A mulher Kayapó e seu trabalho), que reúne rico acervo fotográfico distribuído em painéis temáticos e didáticos e composto também de elementos da natureza, como sementes, ervas, remédios, vistoso artesanato e outros itens que fazem parte do universo cultural das integrantes desse povo originário que vive em nove aldeias no sudoeste do Pará, em plena floresta amazônica.
Principais responsáveis pela manutenção, fortalecimento e transmissão dos conhecimentos aos filhos e netos, as mulheres da etnia Kayapó são os pilares de seu povo. Além de plantar e manter as roças, elas coletam os produtos da floresta, cortam a lenha, preparam os alimentos e são responsáveis por um trabalho artesanal único. Os guerreiros vão à caça e defendem as terras contra os invasores, elas cuidam das hortas, dos filhos, cultivam os mitos originais e contam histórias.
Outra marca registrada das menire são os desenhos finíssimos feitos com tintura de jenipapo, grafismos milimetricamente traçados que estampam tecidos e corpos. São elas que tecem os próprios cestos onde carregam as castanhas e o cumaru, e, com habilidade e senso estético apurados, criam e produzem brincos, pulseiras e colares usando miçangas coloridas.
Todo esse trabalho integra a exposição “Menire: A mulher Kayapó e seu trabalho”, que desde 2019 estava em Brasília e agora pode ser apreciada em Belém, no Espaço Cultural São José Liberto. Realizada pelo Instituto Kabu, a mostra tem patrocínio do Governo do Pará, através do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia/Igama e apoio institucional da Federação dos Povos Indígenas do Pará e Origens Brasil.
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