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Em qualquer lugar do mundo, quem brilha é alvo de
homenagens. Mas o promotor de justiça Edson Cardoso de Souza, o primeiro do
Pará a conseguir a condenação de mandantes de assassinatos por encomenda, vitorioso
em vários casos de repercussão internacional, como o da chacina dos irmãos José
e Paulo Canuto, sindicalistas de Rio Maria, e tentativa de homicídio contra Orlando
Canuto, em 1990, filhos do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Rio Maria, João Canuto, morto a mando de fazendeiros em 1985; do sindicalista
Expedito Ribeiro de Souza, também do STR de Rio Maria, e o do advogado e deputado
constituinte João Batista, estava visivelmente só no julgamento de Vitalmiro
Bastos de Moura, o
Bida, no Tribunal
do Júri que condenou o fazendeiro como um dos mandantes da morte da missionária
norte-americana Dorothy Stang. 

Não havia promotor assistente nem sequer um
assessor ou até mesmo um estagiário para auxiliar seu trabalho, que também não
foi divulgado pelo MPE-PA. Enquanto todos os jornais, emissoras de rádio e TV e
sites locais, nacionais e internacionais tratavam do julgamento, a assessoria
de comunicação do MPE-PA cobriu, com fotos, eventos banais, mas não dedicou uma
só linha ao julgamento, assim como não fez a cobertura nem auxiliou os muitos jornalistas
que queriam entrevistar o promotor. Eu mesma me prestei a conduzi-lo, nos
intervalos, para que explicasse à imprensa o andamento e a possibilidade de
recurso em caso de condenação.
Chamava a atenção de todos no Salão do Júri o
abandono do promotor Edson Augusto de Souza. Enquanto a banca de advogados do
réu tinha vários assistentes e secretárias, ele precisava procurar sozinho as
folhas de dezenas de volumes do processo. Por vezes demorava, o que prejudicou o
seu desempenho.
O procurador da República Felício Pontes Jr., vendo
que o promotor falava durante horas na tribuna e só podia estar com sede,
humildemente levantou de sua cadeira e foi buscar um copo de água.
O promotor de justiça Edson Cardoso de Souza atuou
na região do Bico do Papagaio, São Félix do Xingu, Ourilândia, Tucumã, Redenção
e Xinguara, antes de chegar a Belém, e sempre se distinguiu pela sua coragem e
competência. Há oito anos se dedica ao caso da Irmã Dorothy Stang, tendo
conseguido a condenação dos executores e de um mandante, além da pronúncia do
segundo co-autor intelectual, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, sem deixar de cuidar das centenas de processos
rotineiramente sob sua responsabilidade.
Num País e principalmente num Estado muitas vezes
denunciado aos tribunais internacionais pela impunidade dos crimes, onde até
hoje persistem listas de pessoas marcadas para morrer, a atuação do promotor
Edson Cardoso de Souza, de relevante alcance social, elevando o nome do Brasil
e do Pará perante o mundo inteiro, deveria ter o justo reconhecimento. O
promotor de justiça
Francisco
Cembranelli,
de São Paulo, que atuou no caso Nardoni, por exemplo, cujo
impacto é infinitamente menor, só por isso foi imediatamente promovido a
procurador de justiça. Entretanto, apesar do merecimento e de até por antiguidade
já ter direito ao posto, o nosso herói parauara ainda não foi lembrado para a
promoção a procurador de justiça.

Com a palavra, o Procurador Geral de Justiça,
Marcos Antonio Ferreira das Neves e o presidente da Associação do Ministério
Público do Estado do Pará, promotor de Justiça Samir Dahás.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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