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“Sinto-me num cárcere psicológico”. A frase, da vereadora Izaura Cabral (PT), vice-presidente da Câmara Municipal de Itupiranga, reflete uma situação de violência familiar que tem produzido estatísticas alarmantes e, não raro, culminado em um triste ranking de feminicídio. O drama da jovem política é relatado no blog do Hiroshi Bogéa, com muita seriedade, até porque espelha a realidade cruel de milhões de mulheres no mundo inteiro, maltratadas, ameaçadas e aterrorizadas por aqueles que deveriam ser seus parceiros.

Depois de resolver dar um basta às agressões que sofria de seu ex-marido Geraldo Pinheiro, mais conhecido pela alcunha de “GP”, a vereadora está sendo vítima de campanha difamatória patrocinada pelo agressor, que usa as redes sociais e grupos do WhatsApp para postar imagens íntimas e até fotografias da época em que ela era ainda adolescente. Para piorar, dando exemplo do anti-jornalismo, até um canal de televisão local veiculou entrevista de “GP” falando em traição, tentando justificar as razões que o levaram a perseguir e a praticar violência contra a ex-mulher. Izaura está com medo até de abrir suas páginas das redes sociais temendo posts contra sua moral, já que as autoridades não tomaram qualquer providência para inibir tamanha violência contra sua pessoa. Ou seja: por ter tido a coragem de denunciar o ex-marido violento, está sendo violentada repetidamente, psicológica e moralmente.

Geraldo Pinheiro foi preso em flagrante  ao tentar invadir a residência da vereadora, com graves ameaças, após Izaura registrar B.O. perante a delegada Alice Lang. Mas, após pagar fiança, foi libertado. Autuado com base na Lei Maria da Penha, o juiz deferiu medidas protetivas requeridas por Izaura, o que não tem coibido os ataques à sua dignidade. 

É preciso que as autoridades ajam com a urgência que o caso requer. Antes que Izaura seja computada como mais uma vítima fatal, entre milhares que denunciaram seus agressores e tiveram o socorro negado pelo poder público.


ESCLARECIMENTO: como Geraldo Pinheiro não apresentou provas de suas declarações, a TV 14 de Julho optou por não exibir a entrevista.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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