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Desculpe, papai. Sei que você era tímido e nessas datas comemorativas fica meio encolhido em total comedimento. Mas é que 19 de maio é um dia muito importante para nós, seus filhos e seus grandes amigos. É bem verdade que faria 103 anos, se vivo, mas é que a pandemia atrasou um pouco a homenagem que lhe fazemos. Em uma terra que parece esquecer seus grandes nomes, sua inspiração e ética ainda impulsionam a equipe esportiva da Rádio Clube do Pará, comandada por Guilherme Guerreiro. Mas quando a aposentadoria veio, chegou, de volta o músico e compositor Edyr Proença. O violão ficou guardado desde que casou e vestiu a responsabilidade pela família. Tocava pandeiro e violão no Bando da Estrela, tendo como vocalista Celeste Camarão, que também deixou a carreira após o casório. Agora os dois passaram a sair pela noite, nas casas de amigos onde havia reuniões, com outros seresteiros e tocavam a noite inteira. Ele, que havia sido fã incondicional de Francisco Alves, agora também tocava bossa nova e Paulinho da Viola. E também compunha, com Celeste, filhos e parceiros como Ruy Barata e João de Jesus Paes Loureiro, entre outros. Seu grande sucesso, que está em um cd produzido pela Ufpa é “Bom dia, Belém”, em parceria com a cunhada Adalcinda Camarão, gravada pelos mais ilustres intérpretes paraenses, fazendo chorar conterrâneos há muito distantes da nossa Cidade Morena. Nós, seus filhos, corremos a reunir fitas cassete, gravadas nessas reuniões informais ou mesmo caseiras, onde Edyr e Celeste dividiam os vocais. Algo encantador pois ambos reinventaram a vida, trazendo de volta o amor pela música, por estar juntos e poder aproveita-la. Gravações amadoras tinham má condição técnica de audição. Por isso, chamamos dois dos maiores músicos paraenses, Luiz Pardal e Jacinto Kahwage, para fazer os arranjos, arregimentar instrumentistas craques e mais ainda, nossa grande cantora Andrea Pinheiro para interpretar o repertório, o que excedeu qualquer expectativa. Há mais. Edyr escreveu em vários jornais onde passou por todos os cargos, afinal, sendo apenas um dos cronistas esportivos mais lidos. Por isso, lançou dois livros “Coisas do Futebol” e “Nem Pelé, nem Romário”, ambos com edição esgotada na noite de lançamento. Resolvemos, então, junta-los em um volume, “Opinião não se discute”, título também de sua famosa coluna. Tudo isso pode ser conferido neste dia 19, no SESC Boulevard com um show especial, com a participação do excelente Olivar Barreto, certamente inesquecível. Cd e livro estarão à venda. Precisamos dizer que a homenagem é feita a partir de emenda do então deputado federal Edmilson Rodrigues, a quem agradecemos, bem como aos diversos outros apoios.

Nós te homenageamos, papai, em uma maneira de gritar teu nome, teus feitos, por todo o amor que te temos, por tudo que nos deixaste, ensinaste e deste o exemplo, sendo o melhor pai do mundo. O melhor amigo, conselheiro, companheiro de futebol, competência, caráter, ética, honestidade e amor, pai. Muito amor estejas onde estiveres. Estás o tempo todo em nosso coração. Te amamos, papai.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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