Não há quem não guarde a doce lembrança de um beijo roubado no salão de festa enquanto tocava a icônica marcha-rancho “Máscara Negra”, com aquela frase em ritmo acelerado: “Vou beijar-te agora/Não me leve a mal/Hoje é carnaval”, composta para o carnaval de 1967 por Zé Kéti (1921-1999) e Hildebrando Pereira Matos e que foi alvo de intensa polêmica sobre sua autoria. A primeira parte da música é atribuída ao irmão de Hildebrando, Deusdedith Pereira Matos. A canção levou Zé Kéti aos tribunais para provar sua autoria, porque após o falecimento do parceiro a família dele acionou o Judiciário alegando que a composição era só de Hidelbrando.
Aclamada como a melhor música do carnaval de 1967, vencedora do Primeiro Concurso de Músicas para o Carnaval, criado pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, “Máscara Negra” foi um dos maiores sucessos da carreira de Zé Kéti. O Brasil se rendeu ao lirismo melódico que tratava do reencontro de um Pierrô com uma Colombina, o Arlequim chorando por ela. Romantismo na veia.
No ano seguinte o compositor virou garoto propaganda, contratado pela General Eletric para o lançamento de um modelo de aparelho denominado “Máscara Negra”, o seu diferencial era mesmo a tela mais escura, que melhor realçaria os efeitos das imagens, P&B naquele tempo. A tela negra agia como um filtro de luz. O comercial de lançamento do produto, nada tem de excepcional e a magnífica trilha sonora carnavalesca aparece apenas em segundo plano.
Para compor “Máscara Negra” Zé Kéti buscou inspiração em uma máxima carnavalesca que há muito o incomodava. Já estava cansado de ouvir falar do Pierrô chorando e do Arlequim sorrindo. Invertendo a lógica da tradição carnavalesca (Pierrô símbolo da tristeza e Arlequim da alegria), Zé Kéti compôs a emblemática música.
Curiosidade: o pseudônimo “Zé Kéti” veio do apelido de infância, “Zé Quieto” ou “Zé Quietinho”. O nome de batismo do compositor era mesmo José Flores de Jesus.
E para quem não sabe a letra de Máscara Negra: (Zé Kéti e Pereira Matos)
“Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval”.
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