Publicado em: 6 de julho de 2025
(A menina que viveu o vulcão)
Intensa
Viveu o agora
Como se Deus lhe tivesse dado asas
Escalou o céu de Sang Hyang Tungga
Morando um pouco dentro de nuvens-casas
Aquarela aurora de tinta e pincel
Serelepe
Abriu braços alados
De cera, apontados para o sol
E dançou no colo de Apeliotes
No reino de Éolo
Suas brincadeiras de Ícaro
Mística
Viveu para ontem
Na trilha incerta de Batara Guru
Sussurrando preces sagradas
Espiou entre anáguas
Por sob a saia do gigante de fogo
Pueril
Zombou da beleza bruta de um Dewa
Com seu colo sinuoso e abissal
Disputou ígneas travessuras
Distraindo os guardiões
De florestas colossais
Destemida
Pediu licença a Hanuman
Trêmula de coragem e devoção
Bateu os pés sem chão
Com o coração ribombado
Sentiu medo mas foi!
Faminta
Pediu um banquete a Ibu Pertiw
Que faz brotar do chão iguarias
Frutos doces de cores sortidas
Deitou em seu colo de mãe
Dormiu em cama de nuvens
Exausta
Murmurou um abrigo a Batara Indra
Clemência de sua ira
Enquanto o manto escuro de Nox
Escondeu sua lágrimas
Doeu e ela chorou
Serena
Embarcou no derradeiro Perahu
Coberto de flores eternas
À salvo da zombaria dos Kalas
E dormiu serena por entre pedras
No vente sagrado de Acintya
(Para o repouso eterno de Juliana Marins)
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