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“Acabo de sofrer uma violência, não
física, mas não menos dolorosa, porque certamente levarei dias pra esquecer. Na
cobertura do assassinato de uma adolescente filha de um policial, eis que me
surge um investigador civil armado de fuzil e passa a intimidar todos os
jornalistas que estavam no local para fazer a cobertura. Eu disse intimidar com
um fuzil
 na
mão. Isso traduz uma ameaça.
E pior, sem motivo. 

Após tentar dificultar o trabalho da imprensa,
dificultando o acesso a fontes e tentando impedir que fossem feitas fotos do
cadáver embrulhado pelo IML, esse investigador, que se identificou como
“Márcio”, tentou botar panos quentes, dizendo: “é filha de um
colega nosso”. No intuito de justificar suas atitudes.

Jornalistas se reuniram no local e conversaram com
o delegado Eduardo Rollo, para se queixar da intimidação à mão armada e
reivindicar o direito de realizar o seu trabalho. Eu tomei à frente, me
identificando como sindicalista. O delegado pediu desculpas e prometeu
conversar com o investigador para que o fato não se repetisse, especialmente
diante da afirmação de uma das jornalistas do grupo, de que na véspera, o mesmo
policial tinha tido igual postura.
 

Na sequência, o investigador, que não era Márcio,
mas na verdade se chama “Marcelo”, voltou-se para apenas para mim, de
fuzil na mão, e passou a ameaçadoramente questionar, aos gritos, qual o meu
nome e o veículo em que trabalho. Aliás, fato desnecessário porque eu havia me
identificado assim que cheguei ao local, inclusive, destaco, dando meu nome
verdadeiro. Foi necessário que o delegado interviesse pedindo que o
investigador parasse com a agressão. Isso tudo foi mais do que desrespeito, foi
mais do que violar a liberdade de imprensa. Foi uma violência gratuita e
insana. Esse é um agente de segurança pública? Quantos despreparados e
irresponsáveis como ele existem por aí? Meu imposto, suadamente pago, está
sendo gasto para patrocinar a ameaça à minha integridade? E se o delegado não
estivesse ali? Afinal, pra que ele exige, com fuzil na mão, que eu repita meu
nome e emprego? Ele vai me “pegar” depois quando eu estiver saindo do
trabalho? Como é, voltamos à Ditadura? O mundo pirou? Fiquei sem entender. O
Sinjor-PA está tomando as providências cabíveis. Enquanto isso, melhor eu tomar
mais cuidado na rua.
(Denúncia da jornalista Enize Vidigal, repórter do jornal O
Liberal e diretora do Sindicato dos Jornalistas do Pará.)
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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