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Pouca gente sabe que em plena região metropolitana de Belém existe uma floresta com 6.367.27 hectares (63,67 km²), abrangendo 6,3% da área total de quatro municípios paraenses: Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel do Pará. É o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, criado através do Decreto nº. 2.211/2010, que fica a 23 Km de Belém.

O processo histórico desta Unidade de Conservação começou por volta de 1800, no período dos engenhos de cana-de-açúcar movidos pela força das marés, tendo como proprietário na época o Conde Coma Mello. Em 1950, a empresa Pirelli S/A comprou a “Fazenda Uriboca”, e depois a antiga plantação de seringa virou pastagem, com o nome de “Fazenda Guamá”, até o fechamento de suas atividades entre as décadas de 1980 e 1990.

Preocupado com a ocupação desordenada da Região Metropolitana, projetos estruturais de mobilidade e uso do solo, a degradação ambiental dos mananciais de abastecimento de água e das áreas remanescentes de florestas, o então governador Almir Gabriel baixou o Decreto nº 2112/1997, declarando essa área  “de utilidade pública para fins de desapropriação”, destinando-a à preservação racional do uso do solo urbano e viabilização de projetos estruturais da RMB. Em julho de 2009, a governadora Ana Júlia Carepa criou o Grupo de Trabalho e Estudos voltados à criação de Unidade de Conservação da antiga “Fazenda Pirelli”. E em abril de 2010 o Decreto Estadual nº 2.210/2010 desapropriou as terras para implantar ali, mediante o subsequente Decreto nº 2.211/2010, a Unidade de Conservação da categoria Refúgio de Vida Silvestre, com o nome de “Metrópole da Amazônia”.

O Revis abrange ecossistemas aquáticos que contemplam o rio Guamá, pequenos furos e igarapés; ecossistemas de terra firme com capoeiras e pastagens abandonadas, assim como plantações de seringueira e urucum; e ecossistemas de várzea, com florestas preservadas. A flora é diversa, tem 340 espécies de plantas, e nas áreas de várzea dos rios Guamá e Uriboca, exemplares de grande porte como as Samaumeiras (Ceiba pentandra) e ucuubas, entre outras.  Ali foram identificadas espécies vegetais ameaçadas de extinção, como o acapu (Vouacapoua americana), angelim (Zygia racemosa), cedro (Cedrela odorata), castanheira do Pará (Bertholletia excelsa) e a ucuúba branca (Virola surinamensis). A fauna é bem diversificada, com 130 espécies de mamíferos, 300 espécies de aves, 220 espécies de peixes, 180 espécies de anfíbios e répteis e 500 espécies de invertebrados, grande quantidade de macacos-de-cheiro, pacas, veados-mateiros, tatus e capivaras, sapos, cobras e jacarés. Comunidades do Dique e Três Marcos (remanescentes da fazenda Guamá), Comunidades tradicionais Ponta Negra e Santo Amaro (dentro da UC) residem na unidade, trabalhando na extração do látex da seringueira, do urucum e do cacau, na pesca de subsistência e na exploração do açaí.

Quem visita o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia também se encanta com o Lago da Onça, o Igarapé do Dique, trilhas como as da Seringueira, Samambaia, Quati, Circuito da Pirelli e de “aventura” para prática de corridas de bicicleta ou a pé, ruínas do engenho e da fazenda da Pirelli.

Para visitar o Revis é necessária autorização do Ideflor-Bio, com no mínimo dez dias de antecedência. O acesso é pela BR-316, em Marituba, no Km 14, dobrando em seguida na “Estrada da Pirelli”, com percurso de mais 4 Km até a entrada da unidade de conservação.

Fotos de Raquel Sanches.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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