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O ativista político luso-senagalês Mamadou Baila Ba virá a Belém em agosto para receber o título de Notório Saber, que acaba de lhe ser concedido pela Universidade Federal do Pará. A iniciativa foi do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), por meio da professora doutora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, considerando a importância acadêmica e política do candidato. No dossiê, foram inseridas cartas de recomendação de autoridades acadêmicas estrangeiras de instituições com as quais Mamadou Ba colabora e desenvolve projetos em favor dos direitos humanos. O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe/UFPA) aprovou a outorga à unanimidade.

“A forma transversal e interseccional como Mamadou Ba tem pensado e atuado nas questões das desigualdades estruturais e das injustiças é uma contribuição importante para os desafios epistemológicos e ideológicos da academia, como instância de produção e reprodução de ordem social”, afirma a professora Rosa Elizabeth Acevedo-Marin, pontuando que “a questão racial, foco da intervenção de Mamadou Ba, é crucial e indissociável das outras questões fundamentais para a sustentabilidade ambiental, a viabilidade do mundo e, consequentemente, da respiração democrática saudável das nossas sociedades, numa altura de ressurgimento e fortalecimento do fascismo e todo o seu cortejo de ameaças à paz e ao bem-estar de segmentos sociais mais vulneráveis, pessoas racializadas, negras, indígenas e migrantes”.

Nascido no Senegal, Mamadou Ba vive em Portugal desde 1997. Licenciado em “Língua e Cultura Portuguesa” pela Universidade Cheikh Anta Diop (Dakar), é pós-graduado em Tradução, pela Universidade de Lisboa. Atua nos programas de pós-graduação de duas universidades no Canadá, a Simon Fraser University (SFU) e o Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice da University of British Columbia (UBC). Além de dirigente da Organização SOS Racismo, ele é fundador de várias organizações de defesa dos direitos humanos dos migrantes e das pessoas racializadas de âmbito nacional e europeu, e já integrou conselhos científicos de projetos de investigação acadêmica como consultor. Participa, ainda, como docente em Escolas de Verão do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, relacionadas com a temática do (anti)racismo, e colabora com a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade do Porto. Em 2021, Mamadou Ba ganhou o Prêmio internacional “Front Line Defenders”, atribuído a ativistas de direitos humanos em risco, por sua dedicação à luta antirracista. No ano passado, ele lançou o seu primeiro livro de ensaios no Brasil, “Antirracismo:  Nossa luta é por respeito amor e dignidade”.

“Ao conceder este título, reconhecemos o legado de alguém ímpar no que diz respeito à luta antirracista e a promoção da diversidade. Com essa homenagem, a UFPA ratifica seu alinhamento aos princípios de defesa dos direitos humanos”, acentua o reitor da UFPA, professor doutor Gilmar Pereira.

Criado pela Resolução n. 4.936/2017 do Consepe/UFPA, o título de Notório Saber pode ser concedido, excepcionalmente, a docentes ou pesquisadoras(es) que tenham experiência e desempenho destacados em sua trajetória profissional, a exemplo de atividades que validem a alta qualificação em sua área de conhecimento.

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