Trinca de “Ainda Estou Aqui” no Oscar 2025

Publicado em: 23 de janeiro de 2025

 

A grande surpresa que todo mundo esperava é que “Ainda Estou Aqui” foi nomeado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres, que já levou um Globo de Ouro por seu estupendo trabalho no filme, repete o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, e é a segunda mulher brasileira a concorrer ao prêmio de Melhor Atriz. O que veio coroar a espera para a divulgação da lista de nomeados – adiada duas vezes por causa dos incêndios que devastam Los Angeles – é a nomeação do filme de Walter Salles para a categoria, digamos, principal da noite: a de Melhor Filme. É a primeira vez que um filme brasileiro é indicado na categoria e, até hoje, dezoito filmes em língua não inglesa haviam sido nomeados ao Oscar de Melhor Filme. Destes, apenas o “Parasita” (Coreia do Sul, 2019) venceu. “O Artista” (França, 2011) também é considerado, por alguns, um filme de língua não inglesa. embora seja quase todo mudo.

Como vem acontecendo há meses, desde o Festival de Veneza, os internautas brasileiros invadiram a transmissão oficial do Oscar na expectativa do anúncio de “Ainda Estou Aqui” e de Fernanda Torres como concorrentes oficiais. A diva brasileira tem ganhado muito destaque na mídia estadunidense e foi convidada até do super famoso talk show Jimmy Kimmel Live, onde mostrou muita descontração e o bom humor típico de suas personagens na televisão brasileira.

Nanda está na “crista da onda” e, segundo pessoas entendidas, sua grande concorrente é Demi Moore que, depois de um inteligentíssimo discurso em sua premiação como Melhor Atriz em Comédia ou Musical no Globo de Ouro, levantou importantes discussões sobre estereótipos femininos e etarismo na indústria cinematográfica – e, consequentemente, na “vida real”. Ah, uma curiosade: nenhuma das concorrentes de Nanda no Globo de Ouro figura na lista do Oscar.

E, claro, tem Karla Sofía Gascón por sua atuação em “Emilia Pérez”, a primeira atriz abertamente transgênero a ser nomeada ao prêmio (Elliot Page foi nomeado como Melhor Atriz em 2008 por seu papel em “Juno”, quando ainda assinava Ellen Page, e declarou-se publicamente como trans apenas em 2020). “Emilia Pérez” é o líder de indicações desta edição, totalizando 13 categorias e batendo o recorde de nomeações para um filme em língua não inglesa. É, sem dúvidas, um concorrente fortíssimo, apesar de, nos últimos tempos, ter causado bastante controvérsia nas opiniões de público, crítica e ativistas sociais, que apontam no filme abordagens problemáticas em relação às populações transgênero e mexicanas, principalmente.

Walter Salles não foi nomeado como melhor diretor. Na história, apenas dois brasileiros conseguiram o feito: Héctor Babenco, argentino naturalizado brasileiro, indicado em 1986 por “O Beijo da Mulher Aranha”; e Fernando Meirelles, em 2003, por “Cidade de Deus”. Apenas uma pessoa nascida no Brasil ganhou o indefectível homúnculo dourado até hoje, e foi uma mulher: a australiana-italiana Luciana Arrighi, pela direção de arte de “O Retorno a Howard’s End”, filme que também ganhou como Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz, pela atuação de Emma Thompson em 1993.

Os brasileiros que votam no Oscar são Adriano Goldman e Affonso Beato (diretores de fotografia), Alê Abreu e Carlos Saldanha (diretores e animadores), Alice Braga, Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Selton Mello e Sonia Braga (atores), Andrea Barata Ribeiro, Fabiano Gullane, Paula Barreto, Rodrigo Teixeira, Sara Silveira e Vânia Catani (produtores), Anita Rocha da Silveira, Anna Muylaert, Bruno Barreto, Cacá Diegues, Carolina Markowicz, Daniel Rezende, Fernando Meirelles, Helena Solberg, Heloísa Passos, Jefferson De, José Padilha, Karim Aïnouz, Kleber Mendonça Filho, Laís Bodanzky, Mauricio Osaki, Petra Costa, Selton Mello, Walter Salles e Wagner Moura (diretores), Antonio Pinto, Carlinhos Brown, Marcelo Zarvos (compositores), Anna Van Steen (maquiadora), Emilio Domingos, João Atala, João Moreira Salles, Maria Augusta Ramos e Pedro Kos (documentaristas), Felipe Lacerda, Karen Akerman, Karen Harley e Maurício Zacharia (montadores e roteiristas), Fernando de Goes (cientista de computação), Renato dos Anjos (supervisor de animação), Waldir Xavier (engenheiro de som), Vera Blasi (roteirista) e Ilda Santiago (curadora). A lista perdeu um membro, com a morte do músico Sérgio Mendes.

A cerimônia de premiação da 97ª edição do Oscar acontecerá no próximo dia 2 de março a partir das 21h, horário de Brasília. Confira a lista com todos os indicados:

Melhor Design de Produção

• O Brutalista
• Conclave
• Duna: Parte Dois
• Nosferatu
• Wicked

Melhor Atriz

• Mikey Madison, “Anora”
• Karla Sofía Gascón, “Emilia Pérez”
• Cynthia Erivo, “Wicked”
• Demi Moore, “A Substância
• Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui”

Melhor Filme

• Anora
• The Brutalist
• Conclave
• Emilia Pérez
• A Complete Unknown
• Wicked
• Dune: Parte Dois
• Ainda Estou Aqui
• Nickel Boys
• A Substância

Melhor Filme Internacional

• Ainda Estou Aqui
• A Garota da Agulha
• Emilia Pérez
• A Semente do Fruto Sagrado
• Flow

Melhor Diretor

• Jacques Audiard, “Emilia Pérez”
• Sean Baker, “Anora”
• Brady Corbet, “The Brutalist”
• James Mangold, “A Complete Unknown”
• Coralie Fargeat, “The Substance”

Melhor Ator

• Adrien Brody, “O Brutalista”
• Timothée Chalamet, “Um Completo Desconhecido”
• Colman Domingo, “Sing Sing”
• Ralph Fiennes, “Conclave”
• Sebastian Stan, “O Aprendiz

Melhor Atriz Coadjuvante

• Monica Barbaro, “Um Completo Desconhecido”
• Ariana Grande, “Wicked”
• Felicity Jones, “O Brutalista”
• Isabella Rossellini , “Conclave”
• Zoe Saldaña , “Emilia Pérez”

Melhor Ator Coadjuvante

• Yura Borisov, “Anora”
• Kieran Culkin, “A Real Pain”
• Edward Norton, “Um Completo Desconhecido”
• Guy Pearce, “O Brutalista”
• Jeremy Strong, “O Aprendiz”

Melhor Roteiro Original

• Anora
• O Brutalista
• A Real Pain
• A Substância
• September 5

Melhor Roteiro Adaptado

• Um Completo Desconhecido
• Conclave
• Emilia Pérez
• Sing Sing
• Nickel Boys

Melhor Animação

• Flow
• Divertida Mente 2
• Memoir of a Snail
• Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl
• O Robô Selvagem

Melhor Documentário

• Black Box Diaries
• No Other Land
• Porcelain War
• Soundtrack to a Coup d’Etat
• Sugarcane

Melhor Documentário Curta Metragem

• Death by Numbers”
• “I Am Ready, Warden”
• “Incident”
• “Instruments of a Beating Heart”
• “The Only Girl in the Orchestra”

Melhor Curta Metragem

• “A Lien”
• “Anuja”
• “I’m Not a Robot”
• “The Last Ranger”
• “The Man Who Could Not Remain Silent”

Melhor Curta de Animação

• “Beautiful Men”
• “In the Shadow of Cypress”
• “Magic Candies”
• “Wander to Wonder”
• “Yuck!”

Melhor Trilha Sonora

• “O Brutalista”
• “Conclave”
• “Emilia Pérez”
• “Wicked”
• Um Robô Selvagem

Melhor Canção Original

• “El Mal” (“Emilia Pérez”)
• “The Journey” (“The Six Triple Eight”)
• “Like a Bird” (“Sing Sing”)
• “Mi Camino” (“Emilia Pérez”)
• “Never Too Late” (“Elton John: Never Too Late”)

Melhor Som

• “Um Completo Desconhecido”
• “Duna: Parte II”
• “Emilia Pérez”
• “Wicked”
• “The Wild Robot”

Melhor Fotografia

• “O Brutalista”
• “Duna: Parte II”
• “Emilia Pérez”
• “Maria”
• “Nosferatu”

Melhor Maquiagem e Penteados

• “Um Homem Diferente”
• “Emilia Pérez”
• “Nosferatu”
• “A Substância”
• “Wicked”

Melhor Figurino

• “Um Completo Desconhecido”
• “Conclave”
• “Gladiador II”
• “Nosferatu”
• “Wicked”

Melhor Edição

• “Anora”
• “O Brutalista”
• “Conclave”
• “Emilia Pérez”
• “Wicked”

Melhores Efeitos Visuais

• “Alien: Romulus”
• “Better Man”
• “Duna: Parte II”
• “Kingdom of the Planet of the Apes”
• “Wicked”