Publicado em: 14 de abril de 2025
Como não poderia ser diferente, o final de semana que marcou a abertura de “Arquipélago Imaginário”, mostra do globalmente celebrado fotógrafo parauara Luiz Braga no Instituto Moreira Salles da Av. Paulista, em São Paulo, acabou numa roda de carimbó. O artista, com sua sensibilidade artista e social impecável, levou o grupo marajoara Tambores do Pacoval para o evento “Vou assar uma peixada!”, que inaugurou o ciclo “Arquipélago Educativo: diálogos com os Campos do Marajó”.
A programação faz parte da mostra e foi desenvolvida em parceria com a AMPAC (Associação dos Moradores do Pacoval) e o curador Brunno Apolonio, com foco em ações de arte e educação voltadas à valorização da cultura amazônica no espaço urbano paulistano.
Fundado em novembro de 2009 pela AMPAC, o conjunto de carimbó Tambores do Pacoval é uma das mais importantes expressões da cultura tradicional de Soure, no Marajó. Com forte influência do legado do Mestre Dikinho, figura central na história da música marajoara, tem o propósito de valorizar os mestres da cultura popular local e de assegurar a transmissão de saberes às novas gerações. O grupo se firmou como uma referência de identidade marajoara por meio de ações culturais, educativas e sustentáveis dentro da comunidade.
Há mais de 15 anos realiza semanalmente rodas de carimbó na sede da AMPAC, atividade que, além de movimentar a economia local, é um dos principais atrativos culturais e turísticos da cidade. A atuação do Tambores do Pacoval, especialmente junto ao público jovem, reflete o êxito das estratégias de salvaguarda do patrimônio imaterial promovidas pelo grupo, que estimula tanto a prática musical quanto a dança.
O carimbó, reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, é uma manifestação de raízes indígenas e africanas que expressa a identidade amazônida por meio de sua musicalidade própria, indumentárias, danças circulares e versos que retratam o cotidiano ribeirinho. O carimbó é também um instrumento de resistência, pertencimento e transmissão de saberes, fortalecendo vínculos comunitários e projetando a cultura local para além das margens dos rios.
Comentários