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O julgamento da ação penal que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete integrantes do chamado “núcleo duro” da trama golpista pode acontecer ainda no terceiro trimestre de 2025. A expectativa é que, se não houver entraves processuais, a ação pode ser levada a plenário pelo Supremo Tribunal Federal até setembro, levando em conta o fim da fase de instrução processual, encerrada na última terça-feira, 10 de junho, com os interrogatórios dos réus.

A fase de interrogatórios concluiu uma etapa central da tramitação e envolveu figuras-chave da articulação golpista denunciada pela PGR: além de Bolsonaro, o general Braga Netto, atualmente preso, os ex-ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso. Segundo ministros do STF, a prisão de Braga Netto acelera os trâmites, já que o processo não sofre suspensão durante o recesso do Judiciário quando há réu detido. Com isso, os prazos para alegações finais começam a contar: 15 dias para o Ministério Público, 15 para o réu delator e outros 15 para as defesas dos demais réus.

O colegiado, composto também por Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, decidirá se os acusados serão absolvidos ou condenados. O julgamento histórico promete abalar o cenário político nacional a pouco mais de um ano das eleições presidenciais. Muita gente vai fazer pipoca e abastecer de gelo o isopor para assistir.

A oitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro e do núcleo golpista, transmitida ao vivo, rapidamente virou material para memes e sátiras. Trechos em que Bolsonaro faz piadinhas, convida Alexandre de Moraes para ser seu vice nas eleições de 2026 (da qual ele não poderá participar pois está inelegível) e que chama seus apoiadores que pediam intervenção militar de “malucos” viralizaram nas redes sociais. Também “roubou” a cena o advogado do general Augusto Heleno, que “cortou” o próprio cliente, dizendo que era para responder apenas “sim ou não” (arrancando uma reação animada até de Alexandre de Moraes) e, também, no melhor estilo “Enzo”, reclamando dos horários e que precisava ter tempo para jantar.

O humor das redes, porém, não diminui o teor grave do processo. A denúncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma em março acusa os réus de orquestrar um golpe de Estado com o objetivo de anular as eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder à revelia da Constituição. Segundo a PGR, o grupo elaborou e discutiu minutas golpistas, monitorou opositores, tentou cooptar setores militares e planejou medidas de exceção.

O processo agora entra em sua reta final. Com o término das alegações finais previsto para agosto, a expectativa é que o julgamento seja marcado para setembro. Caso o STF confirme a condenação dos envolvidos, o país pode assistir a um marco sem precedentes na responsabilização de ex-autoridades por tentativas de ruptura.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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