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O Hospital Universitário João de Barros Barreto está na iminência de
fechar. Hoje foram suspensas seis cirurgias por falta de luvas cirúrgicas. Um
dos pacientes está em estado gravíssimo e pode morrer.

Na semana passada, a Comissão Nacional
de Residência Médica vistoriou o hospital, conversou com os residentes, ouviu
as queixas e é possível que não permita que ano que vem realizem concurso de
residência por lá.
Uma situação dramática se arrasta ao
longo de muitas gestões: o atendimento a pacientes renais. Há uma máquina de hemodiálise
parada há tempos, que o diretor Eduardo Leitão resolveu agora por dentro do CTI,
decorando um dos boxes, provavelmente
para dar o recado durante as
fiscalizações do MP, do tipo: “a máquina
está aqui. Não conseguimos resolver o resto”.
E o resto é tudo.
Enquanto isso, médicos e servidores se
desesperam assistindo impotentes a pacientes com insuficiência renal aguda, que
não podem se beneficiar da máquina – diante da falta de nefrologistas que
aceitem estruturar um serviço, muito embora eles existam, como professores da
UFPA -, e às transferências para outros serviços já sobrecarregados com os
crônicos.
Em carta a todos os médicos que
assinaram o documento denunciando as condições de trabalho do HUJBB, o CRM-PA informou
que abriu inquérito para investigar a situação, que, aliás, todos eles já conhecem
perfeitamente. No início deste ano a conselheira Rosângela Cardoso esteve lá
fiscalizando a UTI, viu tudo, fotografou, anotou, mas o CRM nada fez. Espera-se
que desta vez não seja jogo de cena
.
Por outro lado, eles sabem que se forem aplicar as exigências
mínimas para funcionamento, provocarão o fechamento da UTI. E Belém é extremamente
carente de leitos. O que intriga é que ninguém obtenha uma solução permanente
para o Hospital Barros Barreto, um modelo administrativo que o faça mais resolutivo.
Os entraves burocráticos históricos, ao longo de décadas, nunca desataram.
Diante dessa tragédia, o silêncio do governador, de deputados e senadores
do Pará é ensurdecedor. E – vejam só! –
dois médicos foram às vias de fato em
disputa pelo cargo de diretor do Hospital.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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