Vai ser em alto estilo, neste sábado (25), ao cair da tarde, a inauguração do restauro do Palacete Faciola: show da Amazônia Jazz Band e abertura das exposições “Belém Passado/Presente”, em homenagem ao saudoso professor, arquiteto e urbanista Flávio Nassar; “Memorial Palacete Faciola”, com o material resgatado no prédio; e “Cinema, televisão e audiovisual na coleção do MIS, um breve recorte”, que reúne equipamentos da memória audiovisual paraense. O governador Helder Barbalho, acompanhado pelo secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas, pela diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secult, Karina Moriya, e pelo diretor do Museu da Imagem e do Som, Januário Guedes, acenderá as luzes de ornamentação e percorrerá todo o interior do Centro Cultural Palacete Faciola, que é integrado por três edificações e sediará o DPHAC e o MIS do Pará, além de um auditório para 105 pessoas, que funcionará como espaço multifuncional para atividades ligadas às manifestações e expressões da cultura material e imaterial do Estado, batizado de Eneida de Moraes, tributo à intelectual parauara – jornalista, escritora, pesquisadora e ativista política, autora do livro ‘História do carnaval carioca’ (1958), que estabeleceu as principais categorias do carnaval brasileiro ao definir o conceito de cordões, corso, ranchos, sociedades e entrudo, criadora do Baile do Pierrot, no Rio de Janeiro e em Belém – que concebeu o MIS, há cinquenta anos e que foi, sobretudo, uma mulher à frente do seu tempo.
O show da AJB será aberto ao público pela Trav. Dr. Moraes e o repertório inclui “Foi assim”, de Paulo André & Ruy Barata; “Rhythm of our world”, de Arturo Sandoval; e a seleção Tim Maia, com os clássicos nacionais “Azul da cor do mar”; “Primavera”; “Gostava tanto de você” e “Descobridor dos sete mares”. Na sequência, “Flor D’Luna”, de Tom Coster; “Oye Como Va”, de Tito Puente; “Europa”, de Carlos Santana e Tom Coster; e “Smooth”, de Itaal Shur e Rob Thomas. A Big Band executará, ainda, “A few good men” (Gordon Goodwin), “Estrepa muleke” (Kim Freitas), “Live and let die” (Paul e Linda McCartney), “Against all odds” (Phil Collins), “Chorando se foi” (Banda Kaoma), “Sem você nada é bonito” (Pinduca), “12 horas sem te ver” (Pinduca), “Cuisse la” (Les aiglons), “Solo de craque” (Aldo Sena), “Rencontre” (Eric Brou) e “I got you (I feel good)” (James Brown).
Uma maquete do centro histórico de Belém ficará exposta durante quatro meses em uma das salas do Palacete, em tributo a Flávio Nassar. Medindo 5,10×7,10 metros e ocupando área aproximada de 36 m², a obra tem a base de isopor e os imóveis em madeira balsa. Executada em janeiro de 2016, como presente pelos 400 anos de Belém, a criação foi do Estúdio Tupi, dirigido pelo arquiteto paraense Aldo Urbanati, com realização da Universidade Federal do Pará e produção do Fórum Landi/UFPA, projeto coordenado por Flávio Nassar.
A segunda exposição pretende transformar o espaço em ação permanente de educação patrimonial, a fim de valorizar os detalhes arquitetônicos e pinturas artísticas do belo casarão, assim como o modo de vida na Belle Époque. “A restauração e a requalificação do Palacete Faciola visam não apenas retornar um importante marco arquitetônico à cidade de Belém, como também adaptá-lo para um local de visitação e de uso funcional, transformado num Memorial Palacete Faciola, onde os visitantes desfrutarão de ambientes conforme o estilo de quando o local funcionava como morada, e uma sede administrativa onde funcionará o DPHAC. Será um local de trabalho, de estudo e de valorização do patrimônio cultural paraense”, diz Karina Moriya, diretora do DPHAC.
Já a exposição permanente “Cinema, televisão e audiovisual na coleção do MIS, um breve recorte” mostrará câmeras de estúdio das extintas emissoras de TV Guajará e Marajoara; câmeras de cinema Super 8 e 16 mm; projetores de filme Super 8, 16 e 35mm, aparelhos de TV; câmeras fotográficas analógicas; gravadores de som de fita magnética, poltronas do antigo cinema Guarani e outros objetos de várias épocas, desde a década de 1960 até anos mais recentes, com exceção de uma vitrola, com funcionamento a corda, que data dos anos 1940/50.
“Com essa exposição espera-se contribuir para informar o público sobre a finalidade de um Museu da Imagem e do Som, cujo papel é o de recolher, preservar, guardar e difundir a memória de um lugar, de uma sociedade, de um povo, no caso a sociedade paraense, contribuindo para a construção de sua identidade cultural”, comenta o cineasta Januário Guedes, ele mesmo uma referência histórica do audiovisual no Pará e que, como diretor do MIS, se preocupa em proporcionar acesso, estrutura e ferramentas adequadas, parâmetros e equipes preparadas para diagnosticar, recuperar, conservar, catalogar, guardar o acervo audiovisual, firmar parcerias públicas e privadas para a difusão e trocar experiências com outras instituições que trabalham com a preservação de acervo de imagem e som.
Projetado em 1895 e concluído em 1901, o Palacete Faciola foi construído para abrigar a família de Antônio Faciola, personagem de destaque no cenário político e econômico de Belém. Após décadas danificado pelas intempéries e a falta de uso, o prédio foi desapropriado pelo Governo do Estado em 2008 e, em 2012, passou a ser administrado pela Secult, recebendo intervenções de reforço estrutural.
Em outubro de 2020, começou o restauro, revitalização e requalificação, e, ainda, a limpeza e catalogação das mais de duas mil peças encontradas no prédio, com a separação de azulejos, ladrilhos e cerâmicas, gradis, portas e adereços de fachada.
Exemplar da arquitetura eclética, com predominância do estilo “Art Noveau”, o palacete mais do que centenário exigiu trabalho conjunto de profissionais de diversas áreas, que preservaram e valorizaram as suas linhas arquitetônicas.
O projeto incluiu a restauração das fachadas das três casas; a recomposição espacial dos edifícios; novas portas e janelas em madeira; reintegração de pisos e forros; recomposição da cobertura, rebocos e revestimentos internos. Também foi executado o paisagismo da área externa; instalação de sistemas elétricos, hidrossanitários, de drenagem, acústico, de ar condicionado, logística e de prevenção e combate a incêndio.
“Esta é uma edificação do início do século XX que foi completamente restaurada, resgatando elementos que ali foram encontrados e, com isso, dando vida a este prédio que estava por muito tempo abandonado e deteriorado. Além do MIS, DPHAC e o auditório, o Centro Cultural terá também um café e uma loja colaborativa, e passa a integrar o conjunto urbanístico e arquitetônico de Belém. É uma grande honra para o Governo do Estado e para a Secult realizar essa entrega. A obra durou exatamente vinte meses e isso mostra que é possível realizar um projeto de preservação com qualidade, alinhado ao desenvolvimento das técnicas mais modernas de preservação, de restauro e conservação”, informa o secretário Bruno Chagas.
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