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Hoje a sessão especial da Alepa que discutiu
a ocupação urbana de Belém foi um verdadeiro exercício de cidadania.
Associação Cidade Velha, Cidade Viva, Fórum Belém, Observatório
Social de Belém,  Movimento É Agora,
Belém, Associação No Olhar e
professores pesquisadores da UFPA, além dos deputados
estaduais, apresentaram propostas de como resgatar a memória da cidade e
melhorar a qualidade de vida de seus munícipes.
Dulce Rosa de Bacelar Rocque, presidente da Civviva, agradeceu a
oportunidade e parabenizou o deputado Raimundo Santos(PEN), Ouvidor da Alepa,  pela ideia de discutir com os cidadãos
a proposta de implosão
do prédio do Ministério da Fazenda destruído por incêndio e aproveitou para
pedir o mesmo para o edifício do INSS, na Tv. Dr. Morais, também sinistrado. E
brincou que “agora só falta incendiarem aquele horroroso do Boulevard Castilhos
França para que possamos pedir a implosão dele também
. Nenhum deles foi bem-vindo nos endereços em que se encontram, no
entorno da nossa história.”
Dulce Rosa falou das áreas tombadas, do centro
histórico, em particular da Cidade Velha, e manifestou sua preocupação com a
proximidade dos 400 anos de Belém sem um programa coerente para melhorar a
salvaguarda da memória e muito menos a vida de quem mora em área tombada, a
despeito das leis de preservação e proteção
.
Lembrou que, em novembro de 2009, foram
discutidas em reunião no Cinema Olímpia ações propostas para o PAC das Cidades
Históricas, e que entregou à Fumbel, Iphan e Secult uma pauta de reivindicações
que incluía
a restauração da orla do Beco do Carmo; restauro e revitalização do Mercado
do Porto do Sal; reestruturação da praça República do Líbano (S. João) e seu
entorno, com atenção às atividades (venda de comida) que criam sujeira; reestruturação
da Praça do Carmo; proibição de concentração carnavalesca ou de evento cuja
altura das músicas provoca trepidação nas construções no entorno de praças tombadas;
destinação de uso do Palacete Pinho, levando em consideração o fato de não ter
estacionamento; r
ecomposição,
restauro e salvaguarda das calçadas de lioz, a maior parte delas escondida sob
camadas de cimento que aumentam à medida em que cresce a altura do asfalto na
rua; i
luminação adequada do bairro, com fios
subterrâneos; e providências para que tampas de bueiros não possam ser
retiradas.
Pediu, também, solução dos alagamentos no Canal
da Tamandaré; retorno aos paralelepípedos que estão sob camadas de asfalto, de
modo a poder aflorar as calçadas de lioz; colocação de bastões iguais aos das
calçadas da Praça D. Pedro II nas ruas cujas calçadas são usadas como
estacionamento, a fim de garantir segurança e o direito dos pedestres, ao menos
na Dr. Assis, Dr. Malcher, Siqueira Mendes, Tomásia Perdigão, Joaquim Távora e
Félix Rocque; respeito ao direito de uso das calçadas pelo pedestre, evitando
assim a utilização para exposição de produtos à venda, lavagem de motores, depósito
de areia/madeira/tijolo/telhas ou mesas/cadeiras de bar; reposição das placas
com nome das ruas, indicando o que aconteceu na data que denomina a rua e quem
foi a pessoa que dá nome à rua, com data de nascimento e de morte.
A questão do lixo também foi alvo
de demanda de Dulce Rosa por campanhas educativas, inclusive nas escolas
que também costumam por o lixo nas calçadas estreitas fora de horário. Quanto à
água, seja porque falta ou porque é barrenta (a que sai das torneiras) em todo
o Centro Histórico, Dulce Rosa informou que a UFPA até fez um estudo a respeito.
Pediu, ainda, as  sinalizações previstas
no Código do Trânsito, proibição de circulação de veículos superiores a 3,5 toneladas,
exigência de estacionamento para clientes de todas as  atividades autorizadas, incluindo escolas; sinalização
com faixas amarelas na entrada das igrejas; e proibição de atividades que
possam aumentar o trânsito na Cidade
Velha.
Citando a legislação, Dulce Rosa frisou que em todas as concessões de
licenças para localização de estabelecimentos comerciais, industriais e de
prestação de serviço a Prefeitura deve resguardar o sossego, a saúde e a
segurança da população.
Denunciou as atividades abusivas que ocuparam a rua e as calçadas na Av.
Tamandaré e entorno (Breves, Óbidos); questionou quanto tempo ainda o prédio da
Bechara Mattar vai continuar daquele jeito e que  seja lembrada a previsão de estacionamento
para a atividade que um dia será
exercida no local. Insistiu nos estacionamentos dos locais autorizados na Praça
da Sé e seu entorno (restaurantes, bares e locais noturnos), e se não seria
oportuno providenciar para poder sobrar lugar para os carros dos moradores, que
não podem construir garagens porque têm que salvaguardar o patrimônio como foi
tombado.
A presidente da Civviva solicitou, mais uma vez, planejamento e
implementação de campanhas educativas, permanentes e massivas, relativas ao uso
de praças e ruas, em geral, e em defesa do patrimônio histórico, regras básicas
de cidadania e educação ambiental e patrimonial, começando pelos funcionários
públicos, além da regulamentação do Código de Posturas.

Na próxima postagem, falarei sobre as propostas apresentadas pelo
Observatório Social de Belém e assim sucessivamente.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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