Publicado em: 24 de junho de 2025
A deputada Lívia Duarte, presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa, apresentou projeto de lei instituindo no calendário cultural oficial do Pará o “Dia de Alfredo” em 16 de junho, como homenagem à vida e obra de Dalcídio Jurandir, um dos maiores expoentes da literatura brasileira e ícone da cultura amazônica. A data escolhida marca o falecimento do autor, ocorrido em 16 de junho de 1979, que já é instituída no município de Belém desde a promulgação da lei nº 9.164/2015, além de ser lembrada por instituições culturais, universidades e escritores como uma espécie de “Bloomsday amazônico”.
Dalcídio Jurandir, nascido Alfredo Cândido de Andrade, em Ponta de Pedras, no Marajó, dedicou sua vida à literatura e ao jornalismo com um profundo compromisso social. É autor do célebre Ciclo do Extremo Norte, uma série de dez romances que retratam a realidade paraense com rara sensibilidade estética, com destaque para obras como Chove nos Campos de Cachoeira, Belém do Grão-Pará e Marajó. Por meio de uma linguagem marcada pelo lirismo e pela crítica social, Dalcídio eternizou os dilemas, esperanças e contradições do povo amazônico, destacou a deputada líder do Psol na Alepa, ao protocolar seu projeto.
Lívia Duarte, que participou na mesa oficial da primeira celebração do Dia de Alfredo na Academia Paraense de Letras e ali antecipou aos presentes a sua iniciativa, acentuou que a obra dalcidiana dialoga com temas universais, sem jamais se afastar das especificidades culturais da região Norte e do arquipélago do Marajó. Em seus livros, o Pará não é pano de fundo, mas protagonista — com seus rios, seus sotaques, suas violências e sua beleza. Não por acaso, Dalcídio foi reconhecido em vida e após sua morte como um dos maiores cronistas da alma amazônica, o único autor nortista incluído na prestigiada coleção da Editora José Olympio “Romances do Brasil”.
“O personagem Alfredo, protagonista da saga do autor, representa sua própria trajetória: um menino pobre do interior amazônico, marcado pela sensibilidade, que amadurece em meio às contradições da infância, do poder, da fé e da desigualdade. Alfredo é, assim, a metáfora da infância nortista, e também o espelho do menino que se tornaria o maior romancista do Pará”, pontuou Lívia Duarte, enfatizando que o reconhecimento institucional do “Dia de Alfredo” em âmbito estadual tem a finalidade de fortalecer políticas públicas de valorização da leitura e da cultura regional, bem como de estimular a juventude paraense a conhecer, ler e se orgulhar de autores que expressam sua própria realidade.
A proposição da deputada tem tudo para ser aprovada à unanimidade, pois além de seu inegável mérito não gera obrigatoriedade de execução orçamentária, respeitando os princípios da legalidade, da iniciativa parlamentar e da Lei de Responsabilidade Fiscal, cabendo ao Poder Executivo, caso entenda conveniente, fomentar ações alusivas à data por meio de seus canais institucionais e culturais.
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