A bela e histórica Praça da Sereia, onde sobressai o Chafariz das Sereias, datado de 1904, na Av. Presidente Vargas, que integra o Complexo da Praça da República, no bairro da Campina, em Belém do Pará, foi devolvida à população pelo secretário municipal de Urbanismo, Lélio Costa, que fez a vistoria final da obra junto com o prefeito Edmilson Rodrigues. Importante bem do patrimônio histórico, artístico e cultural do município, a praça fica em frente ao Cine Olympia, o mais antigo em funcionamento do Brasil, desde 1912, outro ícone da cidade, que também recebe reforma completa, e defronte ao Theatro da Paz, Teatro Waldemar Henrique, Instituto de Ciências da Arte da UFPA e demais monumentos da Praça da República.
Os serviços executados envolveram paisagismo, recomposição das calçadas em pedra portuguesa, novos bancos e lixeiras, recuperação das grades de proteção dos canteiros, limpeza e recuperação do meio-fio de lioz e caneletas em concreto e restauro da fonte das Sereias. A obra durou cerca de três meses e custou em torno de R$ 1 milhão.
Na mitologia grega, as sereias são seres fantásticos, metade mulher, metade pássaro para uns ou metade peixe para outros escritores e poetas, ninfas marinhas que atacavam as embarcações que passavam entre a ilha de Capri e a costa da Itália, levando os marinheiros à morte com seu belo canto. Na Amazônia, as referências são a Mãe-d’água e a Iara.
A origem da praça remonta a uma questão prática, entretanto. Em 1876, Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides, presidente da província do Grão-Pará, em relatório à Assembleia Legislativa Provincial, reconheceu que a água potável era uma reivindicação antiga e que já estava em curso, desde 1872, um estudo sobre os mananciais de onde deveria ser extraída. No contrato firmado entre o governo provincial e Francisco Maria Cordeiro, vice-cônsul dos EUA, na Corte do Rio de Janeiro, e o senhor José Villa Flor, é mencionada a Lei 632/1870, que obriga a empresa contratada a instalar oito chafarizes para abastecer a população, em diferentes tamanhos, materiais e formatos. Em todos eles a água seria vendida. E em pronunciamento na abertura da sessão extraordinária da Assembleia, no dia 7 de janeiro de 1884, o general Rufino Enéas Gustavo Galvão, Visconde de Maracaju, presidente da província, afirmou que no dia 1º de outubro de 1884 começaria a comercialização de água pela Companhia das Águas do Grão-Pará. Entre os oitos lugares de venda, figurava um localizado no Largo da Pólvora, também denominado Praça D. Pedro II, hoje Praça da República.
A fonte tem base de alvenaria, armada, emassada e pintada com arremate em cobre. A base é circular, com frisos nas extremidades inferior e superior, constituindo assim o tanque, no centro do qual se ergue o conjunto escultórico das sereias em cobre e pedestal em três níveis. No primeiro estão as quatro sereias, curvadas para trás, as mãos levando aos lábios uma espécie de cornucópia (símbolo da produtividade da natureza), de onde jorra água. O segundo nível, onde também jorra água, tem uma concha com elementos florais e frisos, ornada por quatro garças intercaladas. No terceiro e último nível, onde há também jatos d’água, há outra concha, menor, em cujo centro se encontra um pináculo decorado com folhas.
Confiram as fotos de Talita Santos/Seurb.
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