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Estou em Salinas. Saí de Belém às 5:30h da madrugada e mesmo assim peguei trânsito intenso. Como previ ontem, as cenas se repetiram no caos dos ônibus, carretas e vans. A partir do trevo para a Ilha do Mosqueiro, o movimento aliviou. Perto de Americano, vi um carro despencado no canteiro central da BR-316, felizmente sem vítimas. 

No trevo para a PA-324, os apressadinhos de sempre teimavam em querer virar direto à esquerda, sem a necessária espera do lado direito da rodovia federal, antes de fazer a conversão, com segurança, para a estadual. Uma blitz do Detran-PA cuidou de direcionar o fluxo. Vi um agente dar um ralho num motorista que, ao sinal de liberação para os que deveriam seguir em frente, virou à esquerda. Bem feito. Espero que também tenha lhe aplicado uma pesada multa. Muita gente já morreu ali naquele trecho, perigosíssimo justamente por causa de atitudes como essa. Dez para a turma do Detran que ficou lá salvando vidas.

Fiz duas paradas durante a viagem, para desestressar. Numa delas, no Posto Pombal, em Castanhal, aconteceu algo curioso. Entrei na loja de conveniências mas não quis comprar. Então, procurei a saída e, pedindo licença às pessoas que estavam em duas enormes filas nos caixas, expliquei que nada tinha consumido, por isso iria passar direto. Então ouvi que tinha que entrar na fila, porque ali havia mais de 10 pessoas que também não tinham que pagar, mas que estavam esperando a vez de passar no caixa as comandas eletrônicas, atrás dos que estavam comprando. Incrédula, perguntei se estavam brincando comigo, mas falavam a sério. E logo uma dúzia se manifestou, mostrando suas comandas e as mãos vazias. Então, eu disse que ia fazer a única coisa que me pareceu razoável: iria ao caixa, direto, explicar que não tinha compras e que só queria sair. Simples assim. Todos ficaram me observando. Parecia até que se tratava de algo extraordinário. Como não poderia ser diferente, a caixa recebeu minha comanda, agradeceu, e pronto. E aí fiz aquele sinalzinho de ‘venham’ à turma da fila, que saiu em debandada. Constatei, assim, com estupefação, o quanto ainda falta de consciência coletiva acerca dos direitos individuais e sociais. Ah, a cidadania!

Bem, chegando em Salinópolis, duas surpresas. Uma, agradavelmente espantosa: a cidade está limpa. Até uma operação tapa-buracos foi executada. E o trevo para a praia do Atalaia está sendo revitalizado. A outra: estão construindo um monstrengo (outro) na entrada na cidade, com pastilha de vidro, espelho, sei lá mais o que. Deus queira seja apenas uma alegoria para o carnaval (ainda que de gosto duvidoso). E tiveram a brilhante ideia de ocupar metade da rua principal – onde o trânsito já é sempre engarrafado – com estruturas para o desfile de blocos de carnaval, o que sem a menor dúvida vai infernizar a vida de todo mundo. Incrível a capacidade de escolher errado, diante de uma orla urbanizada com 2 Km propícios, à beira mar, para eventos.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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