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Pelo menos quatro personagens do Pará estão no olho do furacão que atingiu o Ministério da Educação. O gabinete paralelo no MEC envolvia compra de Bíblias para serem distribuídas nas cidades que recebiam a visita do ministro Milton Ribeiro e dinheiro para os intermediários que carreavam recursos aos municípios. O pastor Arilton Moura, de Ananindeua (PA), com conexão em Goiás, conhecido por “Baiano”, negociava propinas em troca de verbas da educação, conforme relatos de prefeitos aos jornais O Globo e Estadão. Versões da Bíblia comentada pelo pastor Gilmar Santos, dono da editora Cristo para Todos, que produz os livros e amigo unha-e-cutícula do agora ex-ministro, foram distribuídas em um evento oficial do MEC em Salinópolis (PA), com a presença do titular da Pasta, prefeitos e secretários municipais do Pará. Detalhe: os exemplares tinham fotos da tríade Mílton Ribeiro, Gilmar Santos e Carlos Alberto de Sena Filho, o Kaká Sena, do PL, anfitrião do evento. A publicação teve o patrocínio de R$ 70 mil do prefeito, não se sabe se oriundos dos cofres públicos ou do próprio bolso.

Arilton Moura, conforme fieis da igreja Assembleia de Deus, não é nem nunca foi pastor, mas tem carteirinha da COMIADEAPA – Convenção Interestadual de Ministros e Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Estado do Pará, presidida pelo pastor Gilberto Marques, pai do deputado Olival Marques, dos quais usava os nomes em Brasília, sem eles saberem, para penetrar nos gabinetes dos ministérios.

O relato de uma fonte que, por razões óbvias, faz questão do anonimato, parece de filme policial: “O Baiano surgiu na época do Zequinha Marinho. Ele é alto, fala grosso, põe um terno e vai entrando. É parceiro do Márcio Araújo, conhecido como “Peruca”, ex-assessor do Olival. Chegou com ele (Márcio) e disse ‘eu sei como opera, como faz para ter a volta, ter a sobra’. O Márcio viu que era bom e foi para Brasília. Lá, o Baiano falou ‘olha, eu vou te apresentar para um empresário que tem as empresas que faz tudinho, e aí apresentou o Felipe para o Peruca. O Felipe não tinha nada, montou umas três empresas, orientado pelo Baiano, e quando precisavam de dinheiro ele ia lá em um município do Marajó, emprestar do irmão do prefeito, e quando caía a verba lá ele mandava descontar. Quando o Felipe viu que o angu era bonito e o Márcio que mandava, eles cortaram o Baiano. Só que o Peruca vendeu uma emenda de R$50 mil para uma amiga do Baiano, ela e o marido estavam viajando numa estrada, teve um acidente e o marido dela morreu. E ela tinha emprestado dinheiro para comprar a emenda. Mas o Márcio aproveitou que o marido morreu e vendeu a mesma emenda pra outro, foi aí que deu um angu. O Baiano disse ‘agora eu vou me vingar’. Foram na Polícia Federal, falaram tudinho, entregaram a boca, todo mundo, e chegaram lá na COMIADEAPA gritando, chantageando, constrangeram a mãe do deputado Olival, que não sabia de nada, era inocente e ficou muito chocada. Foram lá na casa do Olival, que disse ‘amiga, eu sou vítima tanto quanto você’. Mas ela retrucou ‘sabia, sim, foi tu quem me ligou’ (sic). Aí foi descoberto que o Márcio ligava em nome dele, do telefone dele. Perguntaram quem foi e ela disse ‘eu dei o dinheiro para um cara que disse que é teu irmão, ele usa peruca’. Assim souberam que era o Márcio. O dinheiro que ela tinha emprestado era R$70 mil, mas com os juros do agiota já estava em R$130 mil. Márcio foi demitido por Olival. Virou motorista do Baiano em Brasília. Mas chantageia o Felipe, que teve que dar R$70 mil no fim do ano passado. Felipe é conhecido por Fofão” (sic).

A rotatividade no MEC é altíssima. Em menos de quatro anos, o governo Bolsonaro já teve quatro ministros da Educação: Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli e Milton Ribeiro.

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