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A Comissão Pastoral da Terra da CNBB Norte 2 (Pará/Amapá) lançou o caderno Conflitos no Campo 2023. O evento incluiu uma mística em memória aos mártires da luta pela terra, como o padre Josimo Tavares, da CPT Araguaia-Tocantins assassinado em 10 de maio de 1986 aos 33 anos de idade, a mando de fazendeiros, por sua defesa às lutas de trabalhadores rurais da região do Bico do Papagaio (norte do Tocantins).

Na apresentação dos dados, conduzida por Andreia Silvério, da Coordenação Nacional da CPT, foi evidenciada a triste posição do Pará: é o segundo em todo o país, com 226 ocorrências (atrás apenas da Bahia), a maioria por terra (183). Empresários (28%), grileiros (19%) e fazendeiros (18%) são os maiores agentes da violência, que vitimou principalmente quilombolas (29%), indígenas (27%), posseiros (15%) e assentados da reforma agrária (14%).

Dentre as violências pela ocupação e a posse, os cinco principais casos são de invasão (356), pistolagem (211), grilagem (179), ameaça de expulsão (176) e ameaça de despejo (142). As regiões do estado onde mais se concentram os casos são a Nordeste, Sudeste e Sudoeste Paraense, além do Baixo Amazonas. Em relação à violência contra a pessoa, mesmo com o número menor de assassinatos em relação a anos anteriores (2), diversas pessoas foram vítimas de contaminação por agrotóxico (295), cárcere privado (48), ameaça de morte (39),  intimidação (39) e tentativa de assassinato (16). 

“A ameaça de morte é a principal violência sofrida pelos povos do campo nos últimos dez anos no Pará, atingindo 358 pessoas. E o mais triste é que muitas delas foram assassinadas, como o Ronair José de Lima, que recebeu ameaças em 2014 e teve sua vida tirada em 2016”, afirmou Andreia Silvério.

Diante de 21 casos e 74 trabalhadores resgatados do trabalho escravo, o auditor fiscal do Trabalho Jomar Lima, chefe da Fiscalização na  Superintendência Regional do Trabalho do Pará, afirmou que os números reais seriam ainda maiores, se houvesse mais incentivo por parte do governo à atuação dos auditores do trabalho.

 Representando a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, o advogado Antonio Alberto Pimentel (Betinho) avalia o aumento  dos conflitos como sinal de novo contexto de retomada das resistências: “Percebemos que a região nordeste do Pará concentrou a maior parte dos conflitos, principalmente o Acará e Tomé-Açu, com o povo Tembé, que são regiões de maior tensão do capital sobre  as comunidades. Mas também é preciso atentar para as violências causadas por agentes de segurança pública, pelas milícias e crime organizado”.

O lançamento contou com a apresentação da campanha “Chega de Escravidão”, voltada à mobilização da sociedade para conhecer e apoiar o trabalho da CPT.

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