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A Praça de São Pedro, como era de se esperar, estava lotada na noite de ontem, quinta-feira, 8 de maio, quando o novo papa, Leão XIV, fez sua primeira aparição na varanda central da Basílica Vaticana. Aos 69 anos, o esatadunidense Robert Francis Prevost, nascido em Chicago em 1955, foi eleito após dois dias de conclave. Ele se torna o primeiro papa dos Estados Unidos, embora também detenha cidadania peruana, fruto de suas décadas de missão pastoral na América do Sul.

Com um discurso repleto de referências ao seu antecessor, o Papa Francisco, Leão XIV se apresentou ao mundo falando em italiano e espanhol. Saudou os fiéis com a tradicional expressão cristã: “A paz esteja com todos vocês!”, e pediu que essa paz “chegue a cada lar, a cada povo, a toda a terra”.

Em sua primeira fala como pontífice, destacou o papel da Igreja como “construtora de pontes” e defendeu uma postura de diálogo e acolhimento, especialmente aos que sofrem. “Que possamos nos unir para sermos um só povo, sempre em paz”, afirmou.

O novo papa já era conhecido por suas posições públicas em defesa da justiça social. Em seu perfil na rede X, Leão havia se manifestado criticamente em relação à política migratória do presidente Donald Trump e aos posicionamentos religiosos do atual vice-presidente dos EUA, JD Vance. Durante a pandemia da COVID-19, defendeu abertamente a vacinação e se solidarizou com o movimento Black Lives Matter após o assassinato de George Floyd em 2020. Na ocasião, escreveu: “Precisamos ouvir mais líderes da Igreja rejeitarem o racismo e buscarem a justiça”.

Essas manifestações sugerem a continuidade da linha pastoral de Francisco, que também priorizou temas como a proteção ambiental, os direitos dos migrantes e a luta contra a desigualdade.

Filho de pai franco-italiano e mãe espanhola, o papa iniciou sua formação no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e se graduou em matemática pela Universidade Villanova, na Pensilvânia. Depois, formou-se em teologia na Catholic Theological Union de Chicago.

Foi no Peru, entretanto, que ele viveu um dos capítulos mais marcantes de sua trajetória, servindo como missionário por cerca de 20 anos. Nomeado bispo de Chiclayo em 2014 e arcebispo em 2023, ele se tornou cardeal no ano seguinte. Ao longo da carreira, lecionou direito canônico, patrística e ética cristã.

No discurso desta quinta-feira, Leão XIV também fez menção ao carisma agostiniano que moldou sua formação: “Com vocês, sou cristão; para vocês, sou bispo”, disse, citando Santo Agostinho. Afirmou o desejo de uma Igreja sinodal — que caminha em conjunto — e se apresentou como um pastor que quer estar próximo “especialmente dos que sofrem”.

Em espanhol, dedicou algumas palavras ao povo peruano, em especial à diocese de Chiclayo. “Um povo fiel que caminhou com seu bispo e tanto ofereceu para continuar sendo uma Igreja de Jesus Cristo.”

Por fim, pediu orações à Virgem Maria e concluiu convocando os católicos do mundo inteiro para a missão de “buscar a paz, a caridade e a proximidade”.

O nome Leão XIV evoca a memória do último pontífice com essa designação no século XIX, mas também sugere uma continuidade entre a tradição e o compromisso social contemporâneo da Igreja, remetendo ao legado de Leão XIII, conhecido por sua encíclica Rerum Novarum de 1891, que defendeu os direitos dos trabalhadores e inaugurou a doutrina social da Igreja. O gesto sinaliza que Robert Francis Prevost pretende dar continuidade a esse trabalho, alinhando o pontificado à defesa da justiça social promovida por Francisco.

Vatican News em português
Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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