0

Depois da decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra alvos russos, governos de pelo menos três países europeus — Suécia, Noruega e Finlândia — iniciaram a distribuição de panfletos de emergência com instruções detalhadas para lidar com crises de segurança, incluindo potenciais cenários de guerra.

O material, atualizado com base em versões usadas durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, tem como objetivo preparar os cidadãos para cenários de guerra ou crises inesperadas. Na Suécia, o documento intitulado “Se a Guerra Vier” foi ampliado e atualizado. Ele enfatiza a importância de manter suprimentos essenciais, como água potável e alimentos não perecíveis, por pelo menos três dias. O governo sueco também destaca que, caso o país seja atacado, “nunca se renderá” e que qualquer mensagem contrária deve ser considerada falsa.

Na Noruega, os cidadãos receberam mais de dois milhões de panfletos, com recomendações que abrangem não apenas conflitos militares, mas também desastres naturais, como enchentes e deslizamentos de terra, exacerbados pelas mudanças climáticas. Já na Finlândia, conselhos online detalham como criar barricadas, estocar alimentos, sobreviver sem energia elétrica durante o inverno rigoroso e usar comprimidos de iodo em casos de acidentes nucleares.

A decisão de Biden, anunciada no domingo (17), intensificou a retórica de Moscou. O presidente Vladimir Putin já havia alertado que qualquer ataque ao território russo com armamento ocidental poderia transformar a guerra em um confronto direto com países da OTAN.

Em discurso durante uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, Putin reiterou que o uso de armas nucleares está previsto em caso de ataques que coloquem em risco a existência do Estado russo. A doutrina militar revisada detalha que Moscou pode recorrer a seu arsenal nuclear em resposta a ataques com mísseis, drones ou aviões de combate, dependendo da gravidade.

A Suécia e a Finlândia, recentemente integradas à OTAN, encerraram décadas de neutralidade militar devido à ameaça crescente representada pela Rússia. A proximidade geográfica com o conflito torna esses países particularmente vulneráveis, o que explica a intensificação das medidas de proteção civil.

“O mundo mudou, e precisamos nos adaptar a essa nova realidade”, afirmou Carl-Oskar Bohlin, ministro da Defesa Civil da Suécia. Ele ressaltou a necessidade de resiliência coletiva para enfrentar crises de segurança e guerra.

Na Noruega, a Direção de Proteção Civil destacou que os panfletos buscam preparar a população para múltiplos cenários, desde guerras até desastres climáticos, sublinhando a importância de manter geradores, mantimentos e medicamentos em casa.

Enquanto muitos cidadãos dos países nórdicos veem os panfletos como um sinal de responsabilidade governamental, outros interpretam a ação como um indício de que a escalada global pode levar a um confronto direto e devastador.

Foto: Lansstyrelsen.se

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

4º Prêmio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira

Anterior

Hamsters bloqueiam avião da TAP nos Açores e viram meme

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários