A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra alvos russos, escalou a tensão na guerra entre os dois países, que já ultrapassa um ano e meio. O anúncio, ainda não confirmado oficialmente pela Casa Branca, foi reportado por veículos como The New York Times e The Washington Post.
Segundo as reportagens veiculadas na mídia estadunidense na noite do último domingo, 17 de novembro, os Estados Unidos fornecerão mísseis ATACMS, capazes de atingir alvos a até 300 quilômetros de distância. Essa decisão responde a um pedido de longa data do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que descreveu a medida como parte do “plano de vitória” de Kiev. Embora tenha acolhido a notícia com cautela, Zelensky afirmou que “os mísseis falarão por si”, evitando revelar detalhes operacionais.
O objetivo da Ucrânia é utilizar essas armas para atingir bases logísticas, aeródromos e posições estratégicas russas, incluindo a região de Kursk, onde tropas norte-coreanas têm apoiado as forças russas. A mudança na política dos EUA é vista como uma reação ao envio de militares norte-coreanos para o conflito, conforme relatado por fontes anônimas ao New York Times.
Moscou respondeu com veemência, classificando a decisão como uma provocação que coloca o mundo à beira de uma guerra global. Maria Butina, deputada russa do partido Rússia Unida, afirmou que a decisão “arrisca seriamente o início de uma terceira guerra mundial”. Butina, que já cumpriu pena nos EUA por atuar como agente russa, declarou que a administração Biden está “escalando o conflito ao máximo”.
O Kremlin também ressaltou que 59 drones ucranianos foram abatidos sobre regiões fronteiriças e nos arredores de Moscou, destacando os riscos de uma guerra mais ampla. Vladimir Putin, presidente da Rússia, já havia advertido em setembro que ataques ucranianos com mísseis de longo alcance poderiam transformar o conflito em uma guerra direta entre a Rússia e os países da OTAN.
A decisão de Washington foi recebida com diferentes posicionamentos entre os aliados ocidentais. A Polônia, um dos principais apoiadores da Ucrânia, saudou a medida como uma resposta adequada à intensificação das ações russas. Já o chanceler alemão Olaf Scholz manteve sua postura cautelosa, recusando-se a fornecer mísseis de longo alcance para Kiev, enquanto reforçou que cabe à Rússia pôr fim à guerra.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que Vladimir Putin “não está disposto a negociar a paz”, defendendo esforços para pressionar Moscou a encerrar o conflito. Por outro lado, a China, que se posiciona como neutra no conflito, voltou a apelar por um cessar-fogo imediato e uma solução política, insistindo que não fornece armas letais a nenhum dos lados.
A autorização para o uso de mísseis de longo alcance marca uma mudança significativa na estratégia militar dos Estados Unidos em relação à guerra na Ucrânia. Anteriormente, Washington hesitou em fornecer esse tipo de armamento, temendo uma escalada que envolvesse diretamente países da OTAN no conflito. Com a decisão, outros aliados, como o Reino Unido, podem seguir o exemplo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a necessidade de uma “paz justa” no leste europeu. Em uma coletiva no Rio de Janeiro, durante a cúpula do G20, Guterres reafirmou que o conflito deve ser resolvido por meios diplomáticos.
Foto: U.S. Army Acquisition Support Center
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