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Juro a vocês que mais do que coincidência, o fato é resultado da pandemia que deixou tantos artistas sem poder mostrar seus trabalhos ao público. Assim, há poucos dias, saiu “Meu Leque de Estrelas”, livro de Edgar Augusto pela editora Amo. Agora, na quinta, lanço meu “Crônicas da Cidade Morena 4”, pela mesma editora, e aproveito para apresentar “Edgar Proença – Todas as Peças”, reunindo peças teatrais escritas por meu avô nas décadas de 30 e 40, apresentadas no Teatro da Paz, que dirigiu por alguns anos até ser sucedido pelo Maestro Waldemar Henrique.

Em uma de minhas crônicas, referi-me ao convívio que tive com meu avô, já bem idoso, levando-me pelas ruas a dizer que eu era sua miniatura, pois também era baixinho, cabeçudo e orelhudo. Escrevi sobre o carinho e respeito com que o tratavam e a fome que ainda tinha de manter-se informado, lendo jornais. Edgar nasceu em 1892, perdeu o pai aos oito anos de idade e começou a trabalhar para sustentar a mãe e irmãs. Seu primeiro trabalho foi como servente e entregador de encomendas numa sapataria. Escrevia manualmente o jornal “O Pau” que circulava de mão em mão, usando o dinheiro para comprar livros. Foi despachante das fábricas Palmeira e Perseverança. Escreveu em “A Província do Pará”, “A Tribuna”, “República”, “Folha do Norte”, e “O Estado do Pará”. Um dos primeiros a irradiar futebol, recebeu o título de “o príncipe dos cronistas esportivos do norte”. Dirigiu as revistas “A Semana” e “Pará Ilustrado”. Um dos fundadores da Rádio Clube do Pará, onde foi locutor, radio ator e apresentador de programas. Talvez seja o mais antigo colunista social do Brasil, através da coluna “Gravetos”, com o pseudônimo de Miracy. Batizou o Clube do Remo de “Leão Azul”. Na política, chegou a participar do Conselho Municipal, hoje Câmara de Vereadores, como Líder do Governo. Formou-se em Direito e chegou a Juiz Substituto da Capital. Foi representante da SBAT, do Touring Clube do Brasil, da CBD onde foi benemérito, além de correspondente da Agencia Brasileira, Asapress e Agência Nacional. Cidadão carioca, recebeu Medalha de Mérito de Rádio Difusão concedida pela ABERT, benemérito da FPD, membro da Academia Paraense de Letras e autor de diversos livros. Foi o primeiro presidente do Aero Clube, embora morresse de medo de avião! É que Chateaubriand estava espalhando Aeroclubes por todo Brasil e pediu-lhe para assumir, como influenciador que era. E não é que em meio a todas essas atividades, Proença também escreveu peças teatrais? Pois foram encenadas em Belém, Salvador e Porto Alegre, pelas companhias de Iracema de Alencar, Palmerim e Mario Brasini. Foi remexendo nas coisas de meus pais que encontrei uma pasta com as sete peças, todas comédias de costumes. Importantes como pesquisa, como história da dramaturgia local, dos temas que refletiam a sociedade da época. A professora Bene Martins e sua equipe digitalizaram os papeis, enquanto minha sobrinha Camilla Proença cuidou do projeto gráfico. Aproveito então a data de lançamento das minhas “crônicas”, para botar à disposição dos interessados, este livro de meu avô, Edgar de Campos Proença, também chamado de “Maguenhéfico”.

Edgar faleceu em 1973, aqui em Belém e seus descendentes, como eu, sentem-se orgulhosos por tudo o que fez, realizou, empreendeu. Um baixinho, selfmade man que fez tudo o que quis.

*O artigo acima é de total responsabilidade do autor.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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