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O apagão que parou pelo menos metade do Brasil hoje à tarde expôs as entranhas da fragilidade do sistema nacional e a sofrida condição parauara. Eram cerca de 15h45 quando caiu a rede de energia elétrica em 15 Estados do Norte, Nordeste e Sudeste: Pará, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins, São Paulo e Minas Gerais. 

Em Belém, o trânsito entrou em colapso. Nenhum sinal funcionava e a costumeira educação provocou engarrafamentos e riscos enormes de acidentes. Consultórios e escritórios tiveram que despachar pacientes e clientes. Quem precisou comprar remédios não conseguiu entrar nas farmácias. Até o supermercado da Doca de Souza Franco pôs cones e lacrou a entrada porque não oferece gerador de energia. Nos shoppings, as lojas fecharam e alguns serviços que permaneceram abertos só aceitavam pagamento em espécie. O sistema de telefonia e internet caiu. Os prejuízos, evidentemente, são incalculáveis.

As informações foram desencontradas: o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, atribuiu o apagão a falha na usina de Belo Monte(PA). Já a Celpa detectou problema na UHE-Tucuruí(PA). A Eletronorte nem se deu ao trabalho de prestar alguma informação. Já o Operador Nacional do Sistema Elétrico divulgou uma nota incrível: 

“Hoje, 21 de março, às 15h48, uma perturbação no Sistema Interligado Nacional – SIN causou o desligamento de cerca de 18.000MW, majoritariamente localizados nas regiões Norte e Nordeste, correspondendo a 22,5% da carga total do SIN naquele momento. Em consequência da perda de carga, entrou em funcionamento o primeiro estágio do Esquema Regional de Alívio de Carga do Sistema Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com corte automático de consumidores, no montante de 4.200MW. Os sistemas Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficaram desconectados do Norte e Nordeste. Às 16h15 já havia sido realizada a recomposição de praticamente toda a carga no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As equipes do ONS estão neste momento dedicadas à recomposição dos sistemas Norte e Nordeste, já em curso. As causas de desligamento estão sendo investigadas. Novas informações serão atualizadas tão logo estejam disponíveis.”

Até agora ninguém explicou o que houve, exatamente. Mas muita coisa fica explícita, mais uma vez: o Pará tem duas hidrelétricas que abastecem mais da metade do País, não atende a totalidade de seus municípios, paga a tarifa mais cara, não recebe o ICMS pela energia elétrica e muito menos os investimentos necessários para garantir o mínimo de segurança à nação. E quando acontece algum problema de amplitude nacional é o último a ser atendido. 

Prova desse abandono é que, dos alardeados R$ 74,2 milhões que a Eletronorte investiu na expansão do sistema elétrico no ano passado, ao Pará só coube míseros R$13,4 milhões, e que nem foram em benefício dos paraenses: a transferência do transformador TR6 da Subestação Vila do Conde(PA) para a Subestação Nova Mutum(MT). A obra que contou com o maior investimento foi a ampliação da Subestação Coxipó, no Mato Grosso, com a instalação do autotransformador AT1 230/138 kV 150 MVA, ao custo de R$20 milhões. Também em Mato Grosso, a ampliação da Subestação Sorriso com a implantação do transformador TR3 230-69 kV 30 MVA e conexões ganhou R$ 12 milhões. No Maranhão, diversos reforços nas Subestações São Luís I, São Luís III, Miranda II, Imperatriz e Presidente Dutra consumiram R$24,4 milhões. Outros R$4,4 milhões foram para a LT 230 kV Porto Velho-Samuel e na Subestação Abunã, em Rondônia. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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