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A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de fármacos e alimentos estadunidense, aprovou na quarta-feira da semana passada o Zepbound, um novo medicamento que é um marco significativo na luta contra a obesidade, que afeta a vida de milhões de pessoas globalmente e está associada a diversos problemas de saúde, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e dores nas articulações. Estima-se que até 2030 cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo terão obesidade.

A tirzepatida já era usada para diabetes com o nome de Mounjaro nos EUA, competindo diretamente com o Ozempic (que é bem famosinho no Brasil), porém o Wegovy era o top de linha entre os medicamentos para provocar a perda de peso em pessoas com obesidade. No ensaio clínico, os pacientes que usaram o Zepbound perderam, em média, 18% do peso corporal quando usado em sua dose máxima, em comparação com os 15% do ensaio clínico do Wegovy. Antes deles, este potencial para induzir perda de peso só era observado com a realização da cirurgia bariátrica. Todos esses medicamentos têm efeitos colaterais, que são principalmente gastrointestinais, como náuseas e diarreia, e que, comparativamente com um procedimento cirúrgico, são bastante toleráveis pela maioria dos pacientes, mas há o risco de causar gastroparesia (paralisia estomacal), uma complicação mais séria, com o uso de altas dosagens.

Mas, se o Zepbound não é exatamente um pioneiro, qual é o grande fuzuê do seu lançamento? O preço. A concorrência entre Zepbound e Wegovy provavelmente vai beneficiar os bolsos dos pacientes já que, nos EUA, o primeiro será vendido por um preço tabelado de US$ 1.060 enquanto segundo pode chegar atualmente a US$ 1.349 – valores estes para uma quantidade que supre a demanda de quatro semanas. A esperança é que este seja um fator que ajude a tornar o tratamento mais acessível para quem precisa.

A Eli Lilly, fabricante do Zepbound, ao lado de outras indústrias farmacêuticas, está trabalhando em mais medicamentos que prometem maior poder no combate à obesidade. Um deles combina glucagon, um hormônio intestinal, com os dois hormônios presentes no Zepbound, supostamente estimulando o metabolismo e ajudando a retirar a gordura do fígado. Além disso, a empresa também está desenvolvendo um comprimido de tirzepatida, o ingrediente ativo para diabetes do Zepbound e do Mounjaro, o que simplificaria o uso e reduziria não só o custo como também o problema de abastecimento dos atuais medicamentos injetáveis.

O Zepbound está sendo analisado pela Anvisa desde setembro e a mesma tem um prazo de 365 dias que pode ser alargado, se a agência brasileira considerar que informações e documentações adicionais são necessárias para a sua aprovação. O Mounjaro já foi aprovado, entretanto ainda não está à venda nas farmácias do país.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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