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Em Tucuruí, um dos maiores municípios do Pará, mais de 250 pessoas já morreram de Covid-19 e há quase sete mil pacientes com diagnóstico positivo da doença. Todos os dias, pelo menos uma pessoa morre na cidade, vítima da pandemia. Mesmo assim – e desrespeitando o decreto do governador Helder Barbalho (MDB), que limita a duzentas pessoas a presença nos eventos em logradouros públicos, o prefeito de Tucuruí, Alexandre Siqueira (MDB), inaugurou a praia artificial da Matinha, banhada pelo rio Tocantins, reunindo milhares de pessoas sem máscaras e sem distanciamento social. O próprio prefeito, acompanhado da primeira-dama, do vice, Jairo Holanda, de alguns secretários municipais, além de vereadores de sua base e apoiadores, participou da aglomeração, inclusive abraçando e carregando crianças de colo, apertando as mãos de eleitores, e ainda por cima usou dinheiro público também em material publicitário para divulgação do evento, em vídeos oficiais que mostram o total desrespeito às normas sanitárias. É de se esperar ação do Ministério Público, diante dos vários crimes cometidos, com autoria e materialidade comprovada, até porque o próprio prefeito divulgou em suas redes sociais pessoais a aglomeração, usando em todas as peças a logomarca municipal.

A população está indignada e com medo de que uma nova cepa do vírus seja gerada. O veraneio no município vai até 1º de agosto. Os profissionais da saúde estão aterrorizados e já esperam explosão de casos de Covid no próximos 15 dias. Detalhe relevante: o Hospital Regional de Tucuruí e a UPA municipal já estão lotados.

A revolta é maior entre os servidores públicos municipais, cujas férias e licenças-prêmio não são permitidas devido à Covid, enquanto o prefeito patrocina a aglomeração, promove competição de dança, todo mundo coladinho e sem máscara.

“Sua ação lamentavelmente terá reação na vida de muitos, aliás, perda de vidas”. “Fomentando o turismo”. “Sinceramente parece piada. Não tiro o mérito de outras ações que a Prefeitura estava indo até muito bem. Mas essa é escancaradamente prejudicial à população. Mesmo que a cidade tivesse uma estrutura hospitalar adequada e uma quantidade ideal de médicos para atendimento, tal iniciativa seria absurda diante do cenário da pandemia”, criticaram vários internautas no perfil pessoal do prefeito no Instagram.

O alcaide demonstrou cabalmente que não respeita a dor das famílias que perderam seus entes queridos – quase 600 mil em todo o Brasil – e não se preocupa em garantir a saúde e a segurança públicas, que são seus deveres por força da Constituição Federal.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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