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M.A.F. tem rosto e corpo de criança e aparenta no máximo 15 anos, mas já viveu momentos de horror. Ela é marajoara de Portel e fugiu de sua família para viver com o namorado, que a mantinha em cárcere privado e, com requintes de perversidade, amarrava a menina em uma cadeira, amordaçava-a e a queimava com facas quentes. O corpo dela, todo mutilado, prova as torturas que sofreu, principalmente no abdômen, coxas e pernas.

Para escapar ela resolveu obedecer ao seu algoz em tudo para ganhar sua confiança e, quando as feridas sararam, pediu que ele a levasse consigo para a cidade (viviam em Majari, localidade no interior), prometendo que “se comportaria”. O torturador concordou e deixou a garota na casa da mãe dele enquanto foi à feira vender farinha. Então ela aproveitou e correu para o meio da rua gritando por socorro. A princípio, as pessoas não entenderam e ninguém se aproximou dela. Só uma vizinha estranhou e foi acudi-la, e a vítima relatou seu sofrimento atroz, mostrando as cicatrizes em seu corpo.

Com muito medo, a adolescente afirmou ter 18 anos, mas todos perceberam que é de menor idade, por seus traços infantojuvenis. A senhora que a socorreu levou-a para sua casa e acionou o Conselho Tutelar, que por sua vez chamou o Creas e levaram a menina para registrar o BO na delegacia de polícia local, onde também presumiram ser menor, preservaram seu nome e requisitaram exame de corpo de delito, já feito. Ela não tem qualquer documento e é possível que sua família a esteja procurando.

A Prefeitura de Porto de Moz divulgou nota assinada pela secretária municipal da Mulher, Richele Campos de Souza; pela advogada Ivana Guerra Pontes; pelas assistentes sociais Luyanne Lima Charopa e Luciane Vieira Gomes e pela psicóloga Mendes dos Santos, assegurando que a adolescente está recebendo o acompanhamento necessário.

A Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2 recebeu a denúncia e de imediato comunicou ao Ministério Público do Estado do Pará, pedindo providências urgentes, o que de pronto foi atendido. A CJP também acionou a Polícia no arquipélago do Marajó, que já está tentando identificar e localizar a família da menina. O torturador, que se chama Jumar Barros Marques (foto), está foragido.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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