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Todo parauara papa-chibé que se preze sabe muito bem do que estão falando quando se diz “Bora mano, te coça logo”, “Bora” (agora virou moda na política), “Borimbora”, “Boró”, “Brocado”, “Bubuia”, “Cuíra”, “Casco”, “Caribé”, “Dá teus pulos!”, “De rocha!”, “Despombalecida”, “Engilhado”, “Enxerido”,“Eras de ti!”, “Esbandalhar” ou “Escangalhar”, “Joça”, “Jururu”, “Gala seca”, “Lá na caixa prego”, “Lá no canto”, “Leseira”, “Levar uma pisa”, “Levou o farelo”,“Levou uma mijada”, “Não que não!”, “Não te bate!”, “Na roça!”, “Nem tchum!”, “Nó cego!”, “Mas credo!”, “Mas quando!”, “Mas rapaz!”, “Mazú caramba!”, “Me erra”, “Malinar”, “Olha disque!”, “Olha que o pau te acha!”,  “Pissica”, “Pitiú”, “Pixé”, “Potoca”, “Pareceiro”, “Paresque”, “Parideira”, “Passamento”, “Pavulagem”, “Pai-d’égua!” e “Panema”.

Mas a maioria nem sonha o que é Buçu (palmeira, de onde aproveita a palha, o coco e tururi), “Bora lá só tu” (vai sozinho, eu não vou”), “Beleguete” (mulher sem graça, mas que “se acha”), “Fachiar” (fisgar peixe à noite utilizando iluminação feita com facho de vegetais secos, conhecida como poronga), “Puçurú” (vasilha de barro, tipo bule, usada para “passar” café), “Tepacuema” (maré parada, baixa, boa para pescar) e “Ubá”(embarcação indígena sem quilha e sem banco, construída em um só lenho, escavado a fogo ou de uma casca inteiriça de árvore cujas extremidades são amarradas com cipó).

Pois o Projeto de Extensão “Educando pelos rios marajoaras: ações e estratégias para promoção da equidade racial durante a pandemia (Covid 19)”publicou o E-book “Glossário de Termos e Expressões Paraenses e Marajoaras”, resgatando memórias, expressões, africanidade e herança indígena que na maioria das vezes é desconhecida. A iniciativa, que valoriza a linguagem regional como expressão da identidade ancestral, partiu da premissa de que todas as palavras carregam histórias e contextos que constroem as experiênciasde um povo, afinal tudo o que se conhece é nomeado, e palavras são dotadas de força tanto de vida quanto de morte.

A obra foi organizada por professores/as e discentes do IFPA Campus Breves e integra o Kit de Produtos Educacionais desenvolvido pelo Projeto de Extensão, que contará com mais uma obra, em versão impressa e digital, intitulada “Relações Étnicos-Raciais: conceitos, saberes, práticas e narrativas”, além do jogo de tabuleiro “Mulheres Negras Amazônidas”, a serem lançados no segundo semestre deste ano.

Coordenado pela Prof. Ma. Ana Célia Barbosa Guedes, conta com fomento do Proextensão do IFPA (Edital 04/2020) e foi estruturado em três etapas: diagnóstico, capacitação e produção de material didático. As duas primeiras já foram realizadas e capacitaram trinta profissionais de educação das escolas Gerson Peres, Professor Estevão Gomes e Bom Jesus, todas no município de Breves-PA, no arquipélago do Marajó.

O E-book “Glossário de Termos e Expressões Paraenses e Marajoaras” está disponível gratuitamente neste link aqui. Cliquem e aproveitem. É divertido e muito educativo.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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