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A praia da Ponta do Espadarte, em Salinópolis, litoral do Pará, é uma faixa de areia fina e branca que se estende entre as águas do oceano Atlântico e as do rio Arapepó, oferecendo duas vistas deslumbrantes, inclusive da cidade e do icônico farol velho. O acesso é através dos po-po-pôs que saem da Praça do Pescador, o que por si só já é um passeio lindo com direito a revoadas de garças, guarás, periquitos e borboletas azuis. Pois este lugar paradisíaco há algum tempo foi invadido por barracas fincadas na areia usando estacas de dez metros e aparafusadas, e ontem a maré alta derrubou quase todas.

O Ministério Público do Estado do Pará e o Ministério Público Federal precisam agir antes que destruam totalmente os ecossistemas em Salinópolis. Já acabaram com o cocal, de um lado e do outro da PA-444, a rodovia de ligação com a ilha do Atalaia, não existe mais vegetação: desmataram, queimaram, lotearam e ocuparam tudo, debaixo dos narizes empinados das mudas, cegas e quedas autoridades. Prédios horrorosos já escondem a paisagem. As construções ao longo das praias do Atalaia, Farol Velho e Espadarte e as barracas inadequadas para venda de comidas contaminam o solo e as águas subterrâneas, os aquíferos, que abastecem os poços. Num círculo vicioso, tudo fica contaminado, grave questão de saúde pública. Fazer da praia estacionamento também é importante foco de contaminação das águas e areia, além da insuportável poluição sonora.

O esgoto de barracas que vendem comida e bebidas é um desastre ambiental à parte, grande foco de doenças para a população local e flutuante. As águas utilizadas pelos banhistas para tirar o sal depois do mergulho no mar provêm de poços totalmente contaminados, misturados a fossas e outros dejetos humanos.

Quem frequenta Salinópolis já observa há muitos anos que as pedras estão aflorando cada vez mais, o que pode causar o desaparecimento da praia do Atalaia.

As construções ao longo da orla e em toda Salinópolis também trazem problemas. O próprio governo do Pará está contribuindo para a destruição do mangue, fazendo pontes extensas em concreto que matarão toda a abundante vida vegetal e animal na praia do Maçarico. Ao construir o bonito equipamento turístico e de lazer na antiga pracinha esqueceu um dever básico: tratar o esgoto, que jorra dia e noite direto na areia.

Desde 2001, o pesquisador Milton Matta, do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, tem alertado também para a salinização das águas subterrâneas de Salinópolis, uma tragédia irreversível.

Confiram as fotos e vídeos de Pedro Souza e Zana Guedes.

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