O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou hoje, segunda-feira 9 de setembro, que convidou a deputada estadual de Minas Gerais Macaé Evaristo, do PT, para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e ela aceitou. A decisão, que foi tomada durante uma reunião no Palácio da Alvorada, contou com a participação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Em suas redes sociais, Lula, em tom comemorativo, disse que assinará a nomeação em breve. Macaé Evaristo, conhecida por sua trajetória de luta pelos direitos humanos e questões antirracistas, comprometeu-se a permanecer no cargo até o final do mandato de Lula e a não concorrer a um novo mandato de deputada estadual em 2026. Inicialmente, houve um impasse, pois Macaé tinha planos de disputar novamente o cargo de deputada estadual, mas após reflexão, ela decidiu abrir mão dessa candidatura para aceitar o convite do presidente.
Nascida em 3 de abril de 1965, em São Gonçalo do Pará, Minas Gerais, Macaé Evaristo possui uma sólida carreira dedicada à educação e aos direitos humanos. Professora desde os 19 anos, ela é graduada em Serviço Social, mestre e doutoranda em Educação. Entre 2005 e 2012 ela foi secretária municipal de Educação em Belo Horizonte e de 2015 a 2018, ocupou o cargo de secretária estadual de Educação em Minas Gerais. Durante o governo Dilma Rousseff, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC). No cargo, ela implementou políticas voltadas para a alfabetização de jovens e adultos além de promover a diversidade cultural nas escolas. Sua atuação foi marcada pela busca de soluções para a inclusão de grupos historicamente marginalizados, como negros, indígenas e pessoas com deficiência.
Durante sua carreira, Macaé Evaristo esteve à frente de importantes programas como a implementação de Escolas Indígenas, a Escola Integral em Minas Gerais, e o programa de cotas para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas nas universidades. Com a nomeação para Ministra dos Direitos Humanos, Macaé torna-se a primeira mulher negra a ocupar esse cargo no Brasil, o que foi recebido com entusiasmo por movimentos sociais e organizações de direitos humanos.
A nova ministra é prima da grande escritora e ativista Conceição Evaristo, também referência nos direitos humanos através de sua obra literária que aborda questões de raça, gênero e classe social. O trabalho de Conceição Evaristo como escritora e sua luta por visibilidade para as vozes marginalizadas influenciaram Macaé em sua trajetória política e educacional. Elas se apoiam mutuamente em suas causas e a relação é frequentemente mencionada em entrevistas e artigos. Macaé é filha do artista plástico Osvaldo Catarino Evaristo, que faleceu quando ela tinha apenas dez anos.
Macaé Evaristo chega ao cargo em um momento delicado, após a saída de Silvio Almeida, que nega as acusações de assédio sexual. Com a nova ministra, o PT passa a ocupar treze dos trinta e nove ministérios do governo Lula, ampliando o espaço e influência do partido no Executivo federal. Também aumentou a representatividade feminina, com dez mulheres chefiando ministérios – o que ainda está muito longe da equidade de gêneros em cargos de liderança e confiança no atual governo. Logo após a nomeação, Macaé expressou sua gratidão ao presidente Lula, afirmando que o convite foi “muito afetivo” e que ele reconhece sua trajetória de lutas pelos direitos humanos e contra o racismo. A posse está prevista para acontecer ainda nesta semana.
Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação
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