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Começa daqui a pouco, às 8h, no plenário do Fórum Criminal de Belém (Cidade Velha),  sessão do 1º Tribunal do Júri da capital, presidida pelo juiz Edmar Pereira, que julgará o fazendeiro Marlon Lopes Pidde, acusado de mandante da execução de 5 trabalhadores rurais em Marabá, conhecida como Chacina da Fazenda Princesa, em 27.09.1985Estão arroladas 10 testemunhas pelo promotor de justiça José Rui de Almeida Barbosa, auxiliado pelos advogados João Batista, Marco Apolo e Ana Claudia Lins (da Comissão Pastoral da Terra e Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos), que atuam como assistentes de acusação, e outras 15 testemunhas pelos defensores dos réus, os criminalistas Osvaldo Serrão, Marilda Cantal, Carlos Figueiredo, Henrique Sauma e Ivanildo Pontes. O desaforamento de Marabá para Belém foi requerido pelo MP da comarca para garantir isenção e tranquilidade do corpo de jurados e impedir que sofressem intimidação, uma vez que o fazendeiro tem grande influência na região. A defesa esgotou todos os recursos possíveis e imagináveis e por isso o julgamento demorou quase três décadas. José Gomes de Souza, gerente da fazenda de Marlon e um dos pronunciados, foi beneficiado pela prescrição do crime após completar 70 anos de idade. Além deles também foram pronunciados para júri popular João Lopes Pidde e Lourival Santos da Rocha. O processo já tramita na justiça paraense há 29 anos e até hoje nenhum responsável pelos crimes foi julgado.

A denúncia foi oferecida em 03 de fevereiro de 1986. Em 20 de dezembro de 1995, os acusados foram pronunciados. O caso ficou conhecido internacionalmente pelos requintes de crueldade com que foi praticado. Os agricultores foram sequestrados em suas casas, amarrados, torturados durante dois dias e assassinados com vários tiros. Depois de mortos, os corpos foram presos uns aos outros com cordas e amarrados em meio a pedras e atirados no rio Itacaiúnas, que corta a cidade de Marabá, no sudoeste do Pará. Os corpos só foram localizados mais de uma semana depois. O caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, e virou processo contra o Estado brasileiro. 

O fazendeiro Marlon Pidde, acusado de mandante do crime, passou 20 anos foragido. A polícia do Pará nunca empreendeu qualquer tipo de esforço para prendê-lo. Ele foi preso pela Polícia Federal no final de 2006. Na época, estava residindo em São Paulo e usava nome falso.  Em agosto de 2011, foi solto por decisão do STJ, que aceitou o argumento de excesso de prazo e mandou levá-lo a júri. 

Em 2013, o MPE-PA soube que Marlon estava na sede da PF de São Paulo, tentando renovar seu passaporte, e ele foi preso. Mas o decreto de prisão foi revogado após o réu ter apresentado o documento à Justiça, permanecendo nessa condição até hoje. 

Um irmão e um empregado de Marlon também enfrentarão o tribunal do júri. Os pistoleiros que fizeram parte da chacina não foram identificados. 

Uma caravana de familiares das vítimas, entidades de defesa dos Direitos Humanos e de trabalhadores rurais do município de Marabá está em Belém a fim de acompanhar o julgamento.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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