Publicado em: 28 de maio de 2025
Quatro projetos idealizados por crianças e adolescentes da Amazônia estão entre os 33 finalistas do Prêmio Criativos Escola + Natureza, promovido pelo Instituto Alana com apoio da Undime e do Greenpeace Brasil. A premiação nacional reconhece iniciativas educativas transformadoras com foco em sustentabilidade e justiça socioambiental. Os vencedores serão anunciados no dia 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente.
O Pará, com 124 projetos, foi o 4º estado com maior número de inscritos. Entre os mais de 1.500 projetos inscritos, envolvendo mais de 60 mil estudantes de 738 municípios brasileiros, quatro projetos da região Norte – 3 do Pará e 1 do Amazonas – se destacaram por integrar ciência, saberes tradicionais, tecnologia, identidade cultural e engajamento comunitário e foram selecionados como finalistas.
Nos representantes parauaras, o projeto “Trilha Maker – COP30”, desenvolvido por estudantes de Marituba, da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Tereza D’Ávila, utiliza a plataforma arduíno para criar um jogo educativo que convida os participantes a refletirem sobre desafios ambientais locais e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Com foco na COP30, o projeto alia tecnologia, acessibilidade e sustentabilidade, mostrando como o ensino pode estimular soluções criativas para problemas reais da Amazônia.
O projeto “Clube Azul: Pela cultura oceânica”, de Maracanã, das E.M.E.F. Francisco Nunes, E.E.E.M. Izidorio Francisco de Souza, E.E.E.M. Presidente Kennedy, propõe uma imersão na conexão entre floresta e mar. Por meio de atividades de monitoramento ambiental e educação científica, os estudantes buscam despertar a consciência coletiva sobre a importância da vida marinha e da cultura oceânica. A proposta reforça a ideia de que os ecossistemas amazônicos e oceânicos são interligados e precisam ser preservados de forma integrada.
Em Belém, outro projeto finalista apresenta uma solução sustentável com forte identidade local. O “Placa de controle térmico de açaí”, da Salesiana do Trabalho, propõe o reaproveitamento do caroço do fruto amazônico para a fabricação de placas térmicas voltadas à construção civil. A iniciativa une ciência, inovação e cultura regional, promovendo o uso responsável dos recursos naturais e incentivando práticas de eficiência energética acessíveis às comunidades amazônicas.
Por fim, em Manaus, o projeto “O diálogo com a natureza: Povos indígenas da Amazônia e a sustentabilidade”, do Instituto de Educação do Amazonas, parte dos saberes ancestrais para promover uma educação ambiental baseada no respeito à diversidade cultural. Os estudantes desenvolveram jogos, oficinas e vivências que valorizam o conhecimento indígena como ferramenta essencial para a preservação da floresta e o enfrentamento das mudanças climáticas. A proposta destaca o papel central dos povos originários na construção de um futuro mais equilibrado e sustentável.
“Esses projetos demonstram que a infância e a adolescência estão pensando e criando boas respostas para enfrentarmos os desafios ambientais do presente e do futuro”, afirma Gabriel Salgado, gerente de Educação e Culturas Infanto-Juvenis do Instituto Alana. “Ao conectar cultura, ciência, história, tecnologia e saberes tradicionais, os finalistas mostram que é possível transformar a realidade local e inspirar um futuro mais sustentável para todos.”
Tiveram menção honrosa os projetos “Amazônia em Nossas Mãos: Plantando o Futuro em Canaã dos Carajás”, de Canaã dos Carajás (PA); “Análise de Solos em Locais de Crime: Feminicídio”, de Macapá (AP); “Apissense – Dispositivo de Monitoramento Remoto de Colmeias”, de Araguaína (TO); “Biocrochê: Crochê Sustentável pela Preservação da Vida Marinha”, de São Luís (MA); “Bambu: Raízes da Sustentabilidade e Cultura – Rumo à COP30”, de Vera Cruz (RS); “Compostar: Transformando Resíduos em Vida – Compostagem Sustentável no IEMA Sousândrade”, de São Luís (MA); “Concreto para a Construção Civil a partir de Garrafa PET e de Vidro”, de Coari (AM); “Economia Doméstica e Sustentabilidade: Produção de Sabão a partir da Casca de Manga”, de Ananindeua (PA); “Escola e Família na Trilha dos Quelônios”, de Juruti (PA); “Escola Sustentável: Nutrindo o Futuro pelas Mãos da Tecnologia”, de São Luís (MA); “Green Tech: Módulo de Sensoriamento para Detecção de Queimadas na Amazônia Baseado em Internet das Coisas e Energia Fotovoltaica”, de São Luís (MA); “Floreser – Escola, Natureza e Vida”, de Guajará-Mirim (RO); “Guardiões das Matas: Cuidando para um Futuro Sustentável”, de Buritis (RO); e “Histórias da Amazônia: Equilíbrio Ecológico sob Ameaça”, de Abaetetuba (PA); “Horta Ciclável: Energia em Movimento”, de Belém (PA) ; “Iluminando o Futuro – Abajures Sustentáveis com Design Ecológico Utilizando Micélios”, de Manaus (AM); “Troca Sustenta: Feira de Material Escolar – Reutilizar para um Futuro Sustentável”, de Manaus (AM); “Implantação de uma Horta Escolar Orgânica no IFRO Campus Porto Velho Zona Norte”, de Porto Velho (RO); “Jamboeco: Sabão que Floresce da Sustentabilidade”, de Santana (AP); “Mais que Raízes”, de Arari (MA); e “Manejo e Conservação de Quelônios com a Participação Comunitária”, de Parintins (AM).
Além do reconhecimento nacional, os projetos vencedores de cada bioma (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) ganharão 12 mil reais e terão a oportunidade de participar de atividades educativas durante a COP30. Eles também farão parte de experiências promovidas pelo Greenpeace Brasil.
Com forte presença de escolas públicas (51% estaduais e 33,2% municipais), o Prêmio Criativos Escola + Natureza também acolheu projetos de instituições federais, privadas e organizações da sociedade civil. Esta edição se destaca pelo caráter inclusivo: 468 propostas incluíram estudantes com deficiência, promovendo um olhar interseccional e plural para a educação e o meio ambiente.
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