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Com prefácio do professor titular de Filosofia da UFPA, Ernani Chaves, que colheu com maestria toda a essência poética dos textos, e projeto gráfico de Andréa Pinheiro, a escritora e poeta Josette Lassance Maya lança em meio a sessão de autógrafos seu mais recente livro, “A solidão em Dallas”, pela Amo! Editora, neste sábado, 06, das 17h às 20 horas, na livraria Fox Belém (Dr. Moraes, 584 – Batista Campos).

Permeando realidade e ficção, “A solidão em Dallas” foi escrito durante viagens da autora. Neles, a solidão das mulheres em suas jornadas existenciais é onipresente. Em Bruxa Matinta, Josette conseguiu acrescentar novos formatos dentro do contexto de sua regionalidade. São contos colhidos ao longo de dez anos, retirados de suas gavetas e memórias afetivas, vários inéditos.

“Tenho a escrita como uma maneira subjetiva de comportar a justiça”, afirma Josette, cuja obra é cercada de misturas estéticas em suas experimentações literárias, como ela mesma define. Escrever é sua forma de fugir da opressão e resistir aos dias amargos que todo o planeta vivencia.

A Dallas de Josette não é uma cidade quente e americana do Texas, e esse mistério que cerca o título revela muito mais que a imensidão do espaço do conto. Declaradamente “autobiográfica”, Lassance faz de “A solidão em Dallas” sua crítica a um futuro próximo com as características de uma “savana árida”, no que Belém está prestes a se transformar, onde Edward Hopper a inspirou inconscientemente com suas paisagens pintadas e sua imensidão colorida e solitária, característica de um isolamento circunstancial, bem como as fotografias de Alberto Bitar, citado no texto com seus esquecidos aviões. 

O livro tem contos, crônicas e relatos de viagens escritos em Belém, dentro de ônibus pelo nordeste e sudeste brasileiro e nos “pueblos” da Espanha. Ela quis transmitir aos leitores o gosto da biruta: o pequeno instrumento que mostra a direção do vento, na rota rumo à liberdade, como se seguisse através de sua indicação o próprio deslocamento.

Josette começou a escrever aos 14 anos, deslumbrada com a obra de Clarice Lispector, nas aulas da escola Jarbas Passarinho, onde duas irmãs gêmeas, professoras de literatura, mostraram a ela o verdadeiro sentido da palavra escrita.  Mas suas primeiras leituras foram aos 12 anos, com a coleção Vagalume. “O caso da borboleta Atíria”, de Lúcia Machado de Almeida, a inspirou a escrever seu primeiro conto, “Memórias de uma cadeira de balanço”, ainda inédito, com 18 páginas.  Depois, já no IEEP (antiga Escola Normal), incentivada pelo saudoso professor Isaac Dias Gomes, Josette se jogou literalmente à escrita, e publicou na revista do colégio seus primeiros textos. Seu contato com a literatura paraense foi através do livro de Benedicto Monteiro, “Carro dos Milagres”, leitura obrigatória do vestibular.

Entre a infância e a adolescência, “eu era tímida e sensível, deslocada, e por isso sofria bullying na escola”, conta Josette, que se afirmou como leitora e autora. A literatura é para ela uma maneira abraçar e de se sentir abraçada.

Josette Lassance Maya (Belém, 24 de novembro de 1962) é graduada em História e Artes Visuais pela UFPA e pós-graduada em Artes. Publicou os livros “Vida de Bruxa” (1992); “Os Gatos Nus Passeiam Sobre os Telhados Sujos” (1994); “Galeria dos Maus” (1999); “O Prédio” (2002); “Os Cinco Felizes” (2010); “Crônicas, Sonhos & Cafés” (2010); e “Buen Camino (Relatos de Viagem)” (2019), lançado em Belém, Rio de Janeiro e Sárria, na Espanha, pela Editora Paka Tatu. Participou de várias antologias, entre as quais “Di Letteratura” (Trento, Itália, 1997); “Revista da Literatura Brasileira” (São Paulo, 2003); e “Sintonias & Delicadezas – Poemas e Haicais”, com Guiomar de Grammont e Olga Savary (2019). Participou como palestrante no Fórum das Letras em Ouro Preto, na Feira do Livro de Porto Alegre e no evento “Artistas em Sarría – Deputación de Lugo”, na Espanha, em 2019. Ganhou o segundo lugar no Concurso de Crônicas da Editora Folheando (2018).

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