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A
morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido
por uma bomba quando cobria o confronto entre policiais e manifestantes na
Central do Brasil, durante protesto contra o aumento das passagens de ônibus no
Rio de Janeiro, na quinta-feira passada, deve provocar uma reflexão acerca do
retrocesso que vivemos. Paradoxalmente, tem recrudescido a violência em atos
pacíficos por legítimas reivindicações populares. E os jornalistas,
desprotegidos, têm sido vítimas preferenciais nessas ocasiões. Mas é preciso
separar o joio do trigo a fim de que tragédias como essa não sirvam de
justificativa para a repressão à liberdade de expressão e manifestação. A
sociedade pode e deve exigir das autoridades serviços públicos de qualidade e
democracia.
E os autores de gestos de barbárie precisam ser punidos
exemplarmente.
Profissional
experiente e competente, Santiago Andrade trabalhava na Band há 10
anos e tinha em seu currículo dois prêmios Mobilidade Urbana por cobertura
jornalística dos problemas no transporte público do Rio. Tombou em serviço, aos
49 anos, e deixou esposa, filha e três enteados.
O Ministério Público do
Trabalho vai investigar o porquê de Santiago não usar equipamentos de proteção
no momento do conflito
.
Não há qualquer norma do Ministério do Trabalho e Emprego que trate da
obrigatoriedade do fornecimento de equipamentos de proteção individual aos
trabalhadores da imprensa, mas o artigo 7º da Constituição Federal estabelece o
direito de todos os trabalhadores à redução dos riscos de acidentes do trabalho
por meio do estabelecimento de normas de saúde, higiene e segurança.

Em nota oficial, a FENAJ condenou
a violência contra jornalistas, que cresce assustadoramente no País, e cobrou
uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para tratar da
questão. A Federação defende a adoção de um protocolo nacional que garanta aos
jornalistas o direito à integridade e ao trabalho, a criação de um
observatório nacional para acompanhar e fiscalizar crimes contra os
profissionais de imprensa e a aprovação de lei que federalize a
investigação dos crimes contra jornalistas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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