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A OAB-PA, Subseção Xinguara, outorga neste sábado (13) o IV Prêmio Frei Henri de Direitos Humanos a Sueli Aparecida Bellato, advogada e integrante da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, ex-conselheira da Rede Social de Direitos Humanos e membro do Grupo de Trabalho Araguaia; Luana Tomaz de Souza, diretora adjunta do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA, e Ayala Lindabeth Dias Ferreira, pedagoga e dirigente setorial de direitos humanos do MST no Pará. A premiação será a partir de 19h, precedida pela palestra “O protagonismo das Mulheres na Defesa dos Direitos Humanos”. A honraria é uma forma de resistência em uma região com histórico de violações aos direitos humanos, sociais e ambientais.

Frei Henri Burin des Roziers chegou ao Brasil em 1978 e foi para o sul do Pará depois de conhecer religiosos exilados na França, no tempo da ditadura militar. Formado em Letras pela Sorbonne e em Direito Comparado por Cambridge, ofereceu seus serviços na luta contra a impunidade, na região ultra conflagrada do Bico do Papagaio – divisa dos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão -, onde encontrou vítimas de trabalho escravo e nenhuma lei (nos últimos trinta anos, mais de setecentos trabalhadores rurais foram assassinados lá). Logo foi incluído na lista de marcados para morrer e viu tombarem, vítimas da pistolagem, João Canuto, morto em Rio Maria (PA) em 1985, o padre Josimo Moraes (da CPT, assassinado em 1986 em Imperatriz, no Maranhão), e Expedito Ribeiro de Souza (presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, assassinado em 1991), entre outros.

Condecorado em 1994 com a Legião de Honra da França, detentor de vários prêmios nacionais e internacionais por sua atuação em prol dos direitos humanos, sua vida valia R$5 mil em 2010. O então presidente francês, Jacques Chirac, chegou a pedir ao governo brasileiro que garantisse a segurança do religioso, que era sobrinho de Etienne Burin des Roziers, secretário-geral da Presidência da França no governo Charles de Gaulle. Advogado militante, Frei Henri atuou em sete processos de assassinatos de sindicalistas e trabalhadores rurais.

Em 23 de fevereiro de 2005, a Rádio Vaticano repercutiu alerta feito pelo conselheiro federal da OAB e ex-presidente da OAB-PA, Sérgio Couto, que pediu, em sessão plenária da Ordem, garantia da vida de Frei Henri pelo governo federal. Felizmente, morreu de causas naturais, em Paris, aos 87 anos, no dia 26 de novembro de 2017. Em 2018 suas cinzas foram sepultadas no assentamento Frei Henri, localizado na PA-275, em Curionópolis (PA).

O evento conta com a parceria da CPT e MST, que realizará no dia 14, no assentamento Frei Henri, em Curionópolis, celebração ecumênica e aula pública sobre o tema “Lutar não é crime! Movimentos sociais e a Democracia”.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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