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Em nível de iniciação científica, o bolsista Helder Bruno Palheta Ângelo, do Museu Goeldi,  realizou pesquisa denominada “A Cultura Material dos Senhores de Engenhos de Igarapé-Miri e Abaetetuba no século XIX”, orientado pelo arqueólogo Fernando Marques. Combinou a análise de fontes históricas e pesquisa bibliográfica sobre a cultura material em outras regiões do País a trabalhos relacionados aos engenhos amazônicos, para identificar mudanças nas práticas cotidianas, reflexo de um contexto socioeconômico em transformação.

A documentação coletada aponta que, na primeira metade do século XIX, os senhores de engenho de Igarapé-Miri e Abaetetuba possuíam maior quantidade de bens voltados para a produção econômica que objetos destinados ao conforto familiar.
Os espólios desse grupo mostram alteração no padrão de consumo após 1850.  A partir de então, cada vez mais, itens de sofisticação e refinamento em uso nas residências passaram a compor o patrimônio: louças, prataria e mobílias de luxo expressam padrão de consumo advindo da Belle Époque.
Belém e Manaus eram as principais cidades da Amazônia e já saboreavam o fruto dos altos lucros da atividade gomífera, na qual a ostentação era característica das classes abastadas. Além da exploração da seringa personificada pelos “Senhores da Borracha”, os “Senhores de Engenho” também integravam a elite do capital regional.
Mesmo com crescimento inicial do comércio gomífero, senhores de engenho de Igarapé-Miri e Abaetetuba ainda viam no empreendimento canavieiro o principal negócio, o que possibilitou o enriquecimento de alguns proprietários. Foi esse acúmulo econômico, somado ao aumento do comércio de diversos itens importados no estuário amazônico, gerado pelo boom da borracha, que levou à alteração nos costumes e hábitos da elite econômica.
Até a década de 1870, a atividade canavieira ainda estava em alta. À época, eram mais de 160 os engenhos às proximidades de Belém.
Testamentos e inventários de senhores de engenhos sob a guarda do Arquivo Público do Pará e Centro de Memória da Amazônia da UFPA serviram de fontes históricas. Os jornais do século XIX da coleção da Biblioteca Pública do Estado do Pará “Arthur Vianna” também permitiram a identificação da dinâmica da circulação de produtos na região.
(Com informações de Vanessa Brasil, e fotos da Agência Museu Goeldi)
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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